Há três décadas recebi meu título de eleitor, desde então venho aplicando meus conhecimentos e minhas teorias no intuito de fazer a melhor escolha. Nessa jornada foram inúmeros candidatos que levaram meu voto e em raras exceções algum eleito trouxe-me a satisfação de acertar. Ficou o aprendizado de não votar em candidatos que mudam de partido como se muda de camisa, além do cuidado de pesquisar a trajetória, o currículo e os valores. Tais critérios norteiam-me há mais de vinte anos. Ainda assim, após as precauções para valorizar meu voto, deparo-me novamente com a frustração de mais uma vez ter errado e talvez em nome do conformismo mais um aprendizado.
Fica a lição de excluir de minhas futuras escolhas candidatos que se elegem para um cargo e na primeira oportunidade abandonam em troca de outros projetos pessoais sem consultar-me ou esquecendo o discurso que o elegeu. Isso acontece agora, após quatro meses, o meu escolhido troca sua função de legislador e fiscalizador por uma cadeira no executivo. E para contribuir com minha angústia, já se comenta nos bastidores é candidato à Câmara Federal no próximo pleito (daqui a dois anos). Com isso, mais uma vez, abandonará outra função cuja característica principal urge continuidade e muito empenho, além de tempo para auferir resultados positivos.
Nesse ritmo precisaria de algumas décadas a mais de vida para acertar meu voto. Como não vislumbro tal hipótese, devo sujeitar-me com o papel de eleitor-aprendiz para não dizer de eleitor-frustrado ou eleitor-ludibriado.