quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Sobre gaúchos

Ler sobre quem eram, ou quem são os gaúchos tornou-se minha leitura passatempo, pois quando estou cansado de ler e escrever, volto-me para “el gaucho” e parecendo milagre, minha disposição volta a motivar-me. Abaixo transcrevo trechos garimpados na internet e cuja referência também nos é útil por indicar possíveis fontes de leitura. Torço para que alguém tire algum proveito. Boa leitura.

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«Historicamente o primeiro registro do tipo é em Santa Fé, em 1617, quando mozos perdidos, vestidos à semelhança dos charruas*, com botas de garrão de potro, chiripá* e poncho, assaltavam as estâncias. 
O cabildo de Buenos Aires, em 1642, registrou cuatreros e vagabundos, que à maneira dos moços de Santa Fé, roubavam o gado das estâncias. As cartas dos jesuítas registram que em 1686 surgiram os vagos ou vagabundos pilhando as estâncias missioneiras. 
Em  1700  aparecem com o  nome  de  changadores*  na  Vacaria  do Mar,  e como vagabundos e changadores  perto de Montevidéu, em 1705. No diário de demarcação do tratado de 1750, José Saldanha registra os termos gaudério e gaúcho, pilhadores que acompanhavam os exércitos ao longe. Somente a partir de 1800 que o termo gaúcho se generalizou, tornando-se gentílico do século XX, designando o natural do Rio Grande do Sul". FLORES, Moacyr. História do Rio Grande do Sul. 3ª  edição. Porto Alegre: Nova Dimensão, 1990.

*Chiripá - Vestimenta sem costura usada pelos gaúchos habitantes do campo para proteção do frio, passava entre as pernas e era presa na cintura.
*Charrua - Tribo indígena que habitava parte do território do Rio Grande do Sul, quando essas terras ainda pertenciam à Banda Oriental do Uruguai.
*Changueador - Changador, que vive de carretos e pequenos trabalhos de favor.

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Al gaucho lo mataron dos veces: la primera como presencia social; la segunda com objeto de añoranza caducas. Hicieran de él el centro de un culto nativista que participa del carnaval y la burla.
POMER, León. El gaucho. Buenos Aires, Centro Editor de América Latina., 1971.

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Um comunicado militar de 1780 recolhido pelo historiador argentino Ricardo Rodrigues MOLAS registra o rigor do tratamento dado aos gaúchos: el expresado Díaz no consentirá en dicha estancia que se abriguem ninguno contrabandista vagamundo u ociosos que aqui se conocen por gauchos.
MOLAS, Ricardo Rodrigues. História Social del Gaucho. Buenos Aires, Maru.
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"Esses homens não deixam de espantar a quem não esteja habituado a vê-los. Estão sempre sujos; suas barbas sempre por fazer; andam descalços, e mesmo sem calças sob a completa coberta do poncho. Trabalham apenas para adquirir o tabaco que fumam e a erva-mate paraguaia que tomam em regra sem açúcar e tantas vezes por dia quanto e possível"
NICHOLS, Madaline Wallis. O Gaúcho. Rio de Janeiro, Zelio Valverde., 1946.
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"Dois mestiços de índios, um par impressionante, ambos altos e vigorosos, de cabelos longos, espessos e negros, barba crespa, perfeitas  fisionomias de índios, mas atrevidos, com pequenos ponchos e grandes esporas. Comportavam-se com desembaraço, mesmo atrevidamente e insultaram um brasileiro até que ele se esgueirou. Realmente horrorosos os dois homens, verdadeiros bandidos, e por isso mesmo me interessavam. Davam-me a impressão de fantásticos centauros, que tivessem amarrado seus corpos de cavalo à porta". 
AVÉ-LALLEMANT, Robert. Viagem pela Província do Rio Grande do  Sul (1858). Ed. Italiaia; São Paulo: 1980.
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A mais rudimentar forma de assar carne remonta à época dos índios guaranis. Os guaranis preparavam a carne fresca, abriam um buraco no chão, forravam com folhas verdes, de árvores, deitavam-na, cobriam com mais ramos, mais uma camada de terra e um fogo em cima. A terra e as folhas aqueciam, assando a carne, envolta nos vegetais. O gosto das folhas servia como tempero, na falta de sal".
LAMBERTY, salvador Ferrando. ABC do Tradicionalismo gaúcho. Porto Alegre: Martins Livreiro Editor, 1989.