quinta-feira, 2 de maio de 2013

Pai e filho na estrada

Por Gilrikardo
 
Aproveitamos o feriado para percorrer a região. Saímos de Joinville numa verdadeira volta olímpica, isto é, Guaramirim, Jaraguá do Sul, Schroeder, Corupá, São Bento do Sul, Campo Alegre e finalmente retorno à Joinville. Ao nos aproximar de Campo Alegre (a 50km de casa), o relógio apontava dezoito horas, a temperatura baixa, um pouco de neblina e para piorar uma fina garoa. 
Seria a segunda vez que passaria por ali, na primeira ocasião era meio dia e verão de sol a pino, serviu para apreciar a paisagem, além de conferir o potencial perigo daquelas curvas. Com tais lembranças iniciei o último trajeto de nossa “aventura” já imaginando possíveis dificuldades que talvez enfrentaria.
E não demorou, pois em determinados trechos era impossível se enxergar a estrada. Não havia demarcação nem os providenciais olhos de gato. Em duas ou três curvas, praticamente reduzi a dez por hora com medo de descer alguma ribanceira. Ao lado meu filho “curtindo” a doideira, achando graça e rindo sem parar, reações típicas de adolescente, além de marinheiro de primeira viagem. 
Por outro lado, eu apreensivo e temeroso. Pedi-lhe que ficasse de olho no velocímetro que não poderia ultrapassar os quarenta quilômetros por hora,  velocidade que considerei segura para qualquer eventualidade, e assim fomos em direção à descida da serra. Até que num determinado momento fomos ultrapassados por duas camionetes, meu filho sugeriu que seguisse atrás, comentei em tom de brincadeira, mas falando sério, que esse negócio de seguir é perigoso, pois se aquele que vai na frente descer um abismo a gente vai junto. Ele achou a maior graça, riu tanto que lhe alertei para continuar de olho do velocímetro. Tinha essa preocupação pelo fato de toda minha atenção estar voltada para a pista que às vezes desaparecia à minha frente. Até que chegamos ao trecho crítico, ali encontramos uma fila de veículos descendo. Ufa!... respirei aliviado pelo simples fato de ter alguma noção de direção a nos conduzir. E próximo ao mirante, na primeira curva (parece um cotovelo), constatamos aquilo que havia dito instantes atrás sobre seguir quem vai na frente. Dois veículos, na curva seguiram reto, pegando o barranco, um atrás do outro. Sorte que era um matagal e terra fofa, assim tão logo sairam da pista perderam a velocidade e ninguém se machucou. Meu filho observou que eles tiveram sorte, pois se fosse no precipício mais à frente o final seria outro. Suspiramos ao nos aproximar da última curva que anunciava trechos planos pelo resto do caminho. 
-Puxa pai! Não sabia que você dirigia tão bem, você é braço hein!
-Não meu filho, dirigi com medo e preocupação, por isso não perdi a atenção nem a noção do perigo. Esse dia é daqueles que você guardará para sempre.