terça-feira, 31 de julho de 2012

A verdade de cada um - Renato Holz

A VERDADE DE CADA UM
N º. 291 -31/2012

QUEM PRODUZIRÁ ??

Renato Holz (*)

Na última semana escrevi sobre a China e seu crescimento como fornecedora do mercado mundial, sob o título “ A Culpa é dos chineses?”
Naquele artigo citei: “... Em paralelo à industrialização ( . . . ) o governo chinês cuidou com esmero da infraestrutura do país e da educação.( . . . ) A grande maioria destes estudantes, como profissionais, voltaram a seu país e passaram a desempenhar o papel de multiplicadores de conhecimento e de pesquisadores de novas tecnologias, . . . “
Recentemente recebi uma matéria comentando o porque a empresa estadunidense APPLE produz na China, da qual destaco dois trechos:
“. . . De acordo com cálculos dos executivos da Maçã, cerca de 8.700 engenheiros industriais foram necessários para supervisionar e orientar toda a linha de montagem do iPhone. Para contratar essa quantidade imensa de engenheiros, foram necessários apenas 15 dias — estimativas indicam que, nos EUA, demoraria 9 meses . . . Os EUA pararam de produzir pessoas com as competências de que precisamos . . .”
Contemplando a realidade brasileira temos o seguinte cenário:
- no aquecimento da indústria que ocorreu em 2010/11, as empresas foram buscar mão de obra qualificada entre os aposentados, e no exterior, pela falta de gente preparada disponível no mercado;
- o crescimento das atividades da construção civil, no início do ano passado, esbarrou na falta de profissionais, tanto de engenheiros e técnicos em edificação, quanto de pedreiros, eletricista e assentadores de cerâmica, entre outros;
- a imprensa tem nos informado que o Brasil é um dos países mais buscados, na atualidade, por profissionais estrangeiros qualificados, pela facilidade de encontrar empregos;
- recentemente a imprensa noticiou que imigrantes – legais e ilegais do Haiti estão sendo preparados pelo governo por serem necessários para a construção da usina hidrelétrica de Belomonte;
- a indústria brasileira tem grandes dificuldades de competir com seus produtos no mercado internacional, entre outras razões pelo chamado custo Brasil, fruto da falta de infraestrutura eficiente – rodovias, portos, abundância de energia elétrica, como exemplos – e o péssimo estado de conservação da existente;
- ao primeiro sinal de desaceleração na oferta de empregos são feitas campanhas paliativas pró consumo, com dilatação de crédito, redução temporária de impostos, etc, etc
Enquanto isto, neste país de bacharéis, vemos as autoridades brasileiras para a educação e as do poder judiciário envolvidas em amplas discussões sobre o “Enem” e outros que tais que não contribuem para que o ensino no Brasil capacite os estudantes para produzirem as riquezas de que o país tanto precisa. O que vemos são todos os esforços serem dirigidos para o acesso ao nível superior e depois para a disputa por cargos públicos.
Tudo o que não se vê é um planejamento e um esforço contínuo e forte para dotar este pobre Brasil rico de pessoas e estruturas capacitadas para promoverem o desenvolvimento autosustentado.
Onde estão as atuações de governo, em suas três esferas, para dotar o Brasil de gente capacitada para desenvolver a produção agrícola, extrativa, industrial e de serviços? O Brasil precisa investir em sua gente para que esta possa responder em pé e à ordem às necessidades da estrutura produtiva, existente e vindoura, tanto no campo como nas cidades.
Países que estão dominando o nosso mercado tanto com artigos de decoração, calçados, vestuários, quanto com automóveis, eletro-eletrônicos, trens, máquinas operatrizes etc, etc, como o caso de China e Correia do Sul aí estão para nos mostrar que o caminho para alcançar o desenvolvimento passa obrigatoriamente pelo investimento maciço e eficaz em educação e em infraestrutura, aliado ao estímulo à produção.
Este exemplo já nos foi dado na segunda metade do século passado por países arrasados pela segunda guerra mundial – Alemanha e Japão -, que trinta anos após o fim da guerra estavam entre os mais desenvolvidos do mundo.
Os exemplos estão ai para quem quiser ver e seguir. Enquanto isto, aqui no Brasil, continuaremos a nos perguntar:

QUEM, no BRASIL, SERÃO os RESPONSÁVEIS pela PRODUÇÃO ??

Pensem nisto enquanto desejo a todos
uma ótima semana
Renato Holz

“ Com estudo e trabalho o homem pode conquistar tesouros inimagináveis.”

MALBA TAHAN pseudônimo de Julio Cesar de Melo e Sousa 1895-1974 ( escritor e matemático carioca)
Horizonte / Ce 30 de julho de 2012 (*) Renato Holz
bacharel em ciências econômicas, articulista catarinense
P.S. – Permitida a reprodução parcial ou total, desde que citada a autoria

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