domingo, 9 de junho de 2013

O PT que a maioria não vê

Totalitarios de la, e de ca, uni-vos (para controlar a "midia"): bolivarianos tupiniquins ao ataque

Não passa uma semana sem que os celerados do partido hegemônico voltem ao velho tema da "democratização da mídia", que nada mais é do que o controle da imprensa. Eles adorariam ter um panorama venezuelano aqui também, ou seja: censura, dependência dos meios de comunicação das prebendas estatais e coisas do gênero.

Totalitários são assim: eles não suportam críticas e ficam furiosos quando alguém diz que os que eles estão fazendo é, pela ordem: demagogia, clientelismo, fisiologismo, coronelismo, populismo, estatismo, intervencionismo, protecionismo, assistencialismo, bolivarianismo, fraudismo, mentirismo, enganismo, burrismo e vários outros ismos, o que corresponde, aliás, à natureza essencialmente totalitária de suas orientações políticas, de seu caráter social, embora o conceito de caráter seja enganoso, neste caso.

Eles não vão desistir; os quilombolas da liberdade de opinião tampouco; eu faço a minha parte, frente à passividade de tantos acomodados...
Paulo Roberto de Almeida


Chavismo lá, petismo cá

Editorial O Estado de S.Paulo, 08 de junho de 2013

Não faz muito tempo, o PT preconizava o controle social da mídia. Mas a ideia de controle assusta um pouco e não tem lá grande apelo motivacional. Os marqueteiros entraram em ação e a palavra de ordem mudou então para democratização da mídia.

Afinal, democratização é o tipo ideal de ideia-ônibus: todo mundo embarca nela. Só que, como é da natureza das proposições populistas - muito apelo e pouco conteúdo -, nunca ficou claro o que vinha a ser exatamente a democratização preconizada, de que modo ela se aplicaria ao cotidiano dos veículos de comunicação, no que ela mudaria de fato para melhor a vida dos brasileiros. Agora, finalmente, o grande enigma parece desvendado. Por analogia.

O finado general Hugo Chávez acaba de ser agraciado, na Venezuela, com o Prêmio Nacional de Jornalismo Simón Bolívar, pelos relevantes serviços prestados à causa da democratização da mídia em seu país. Como até as maçanetas do Instituto Lula sabem, Hugo Chávez é a segunda grande figura da política latino-americana a quem as lideranças petistas, Lula à frente, prestam fervorosa reverência. A primeira é Fidel Castro. Não há bom petista que não inveje os poderes de que Chávez logrou se investir para implantar democraticamente o socialismo bolivariano na Venezuela.

A instituição que outorgou a láurea póstuma a Chávez é uma fundação vinculada à vice-presidência da República. Estatal, portanto. E a justificativa do prêmio chega a ser comovente:

"Decidimos outorgar o prêmio extraordinário ao comandante Hugo Chávez porque ele devolveu a palavra aos oprimidos do mundo (sic) em seu papel de comunicador social, em sua constante batalha contra a mentira midiática".

O panorama do jornalismo que hoje existe na Venezuela ainda não chegou à perfeição daquele que vigora há mais de meio século em Cuba, pois ainda sobrevivem alguns veículos não estatais. Em 13 anos de governo, Chávez desenvolveu um meticuloso e eficiente trabalho de neutralização dos jornais, revistas e emissoras de rádio e televisão que ousavam manifestar discordância com as políticas oficiais. Apelou para todos os tipos de recursos, desde os embargos de um Poder Judiciário completamente subjugado até os obstáculos econômicos e financeiros, passando pela intimidação e o empastelamento.

As emissoras de televisão, pela extensão de sua audiência, foram as mais perseguidas. As duas maiores redes, por insistirem no jornalismo não alinhado com a política chavista, acabaram subjugadas. Em 2007, a RCTV teve a renovação da concessão simplesmente negada, sob o argumento de que teria participado do golpe de Estado que apeou Chávez do poder por dois dias, em 2002. Este ano, a Globovisión, depois de ter sido financeiramente exaurida pela imposição de pesadas multas, foi vendida para um grupo empresarial aliado do governo e está mudando radicalmente sua linha editorial.

Diante dessa realidade na qual praticamente já não se pode falar em liberdade de imprensa, o Sindicato Nacional de Jornalistas da Venezuela protestou contra a homenagem ao caudilho: 

"Repudiamos o prêmio dado ao falecido presidente Chávez, responsável pelo fechamento de grande número de veículos de comunicação durante seu governo: além da RCTV, 33 emissoras de rádio".

No Brasil, sob o pretexto da urgente necessidade de um novo marco regulatório das comunicações (o atual tem mais de meio século), o PT promove deliberadamente a confusão entre o verdadeiro objetivo desse marco, que é regular o funcionamento de uma concessão pública - as emissoras de rádio e TV -, com o controle da mídia impressa, cujo funcionamento não depende de concessão. Para ambos os casos, aliás, prevalecem o fundamento constitucional da liberdade de expressão e o veto a qualquer tipo de censura à atividade jornalística, cujos eventuais abusos são tipificados e têm punição prevista na lei ordinária.

Mas o modelo dos sonhos do lulopetismo é aquele que a Venezuela e outros governos bolivarianos estão tentando copiar de Cuba.