Lá pelos meus treze ou catorze anos, apaixonei-me pelas músicas dos Beatles. Comprei um gravador que só tocava com pilhas médias que duravam no máximo duas horas e pouco... era minha falência. Descia e subia as ruas com aquele gravador embaixo do braço tocando meia dúzia de músicas que consegui gravar do rádio. Imagine a qualidade do som. Argh! A começar pelo início que ficava truncado, algumas eu perdia os segundos iniciais, noutras com medo de perder o início, a música era acompanhada com o final de alguma propaganda ou fala do locutor. Detalhes que na época eu nem percebia, porque a minha atenção era toda voltada para “Hey Jude”, “Yesterday”, “Yellow Submarine” entre outras cujos nomes não recordo agora. Ouvia até as pilhas pifarem de vez. Imagine aquela voz fininha tornando-se um vozeirão porque a fita ia perdendo a velocidade, e o vozeirão mui lentamente sumindo...
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Pegava as pilhas e colocava-as no congelador, alguém sugeriu que deixar de um dia para o outro no frio recarrega-as; também que aquecê-las no forno do fogão dava alguma sobrevida. Apesar dos esforços, de não haver recargas e nem utilizar energia elétrica, sentia-me um “sortudo” ou “abençoado” por ter aquele aparelho, pois na minha turma era o único dono de um lançamento de última tecnologia...
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Minha paciência de adolescente em lidar com aquilo durou um ano e pouco. Mas foi tempo suficiente para me marcar eternamente, tanto que hoje (passadas quase quatro décadas) sentei-me a registrar meus tempos de submarino amarelo. Tal história até aqui para mim já estaria completa. Sem necessidade de avançar para lado nenhum, no entanto há certas coisas nesta vida que nos surpreende pela maneira que se apresentam. Aqui se deu quando meu filho, agora com a idade de treze para catorze anos (?!?!) se apaixona pelos Beatles, vai aprender violão e guitarra, de quebra bateria e gaita de boca, só para melhor curtir as músicas que ainda ecoam dentro de mim. Isso tudo, sem eu nunca tocar no assunto beatlemania. E agora José? Coincidência?
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