N º. 296 – 36/2012
DÍVIDA BRASILEIRA - Alguns números e conclusões
Renato Holz *
Todos nós cidadãos brasileiros, da dona de casa lá de Itaipava do Grajaú no Maranhão, ao banqueiro da Av Paulista em São Paulo sabem que se gastar mais do que ganha cairá em dívida e pagará juros. E sabemos também que se esta dívida é para investir e proporcionar melhorias que trarão vantagens, ela é salutar, mas se nos endividamos para manter uma situação acima de nossa capacidade financeira estamos no caminho errado.
Vejamos alguns números da dívida pública do Brasil, conforme dados divulgados pelo Banco Central do Brasil:
- aos 31/12/2009 a dívida pública brasileira somava 1,497 trilhões de reais
- em 31/12/2011 somava 1,866 trilhões de reais
- aos 31/05/2012 este número era de 1,920 trilhões de reais
- a estimativa é que este total em 31/12/2012 alcance 2.050 trilhões de reais,
- no ano de 2011, conforme demonstrativo da execução orçamentária do Ministério da Fazenda foram gastos 708 bilhões de reais para serviço desta dívida, o que representou 45,05 % do total realizado: - neste mesmo ano de 2011 o gasto com educação foi de 2,99 % do total realizado.
Pelos números acima, que são oficiais, verificamos que a dívida pública cresceu mais de 28 % em menos de dois anos e meio, e que no ano passado o Governo Federal usou 45,05 % de sua arrecadação para atender o serviço dessa dívida, ou seja, para pagar juros e liquidar os títulos que venceram naquele ano, o que não diminui a dívida pois foi necessário buscar mais dinheiro para fazer frente às despesas. E mais, nos últimos sete meses de 2012 se estima que será necessário novo endividamento da ordem de 130 bilhões de reais.
Saindo dos frios números, vamos analisar nossa realidade de hoje:
- a população brasileira cresceu 11% nos últimos 10 anos segundo o IBGE
- estes 19 milhões de novos brasileiros estarão chegando ao mercado de trabalho de 2016 em diante, e se somarão à massa atual de brasileiros à procura de uma forma digna de se manter, através de um emprego;
- o que se aplica das verbas públicas em educação ( 2,99% do arrecadado em 2011) mal dá para manter o ensino de baixa qualidade que hoje temos a massa de brasileiros totalmente desqualificados funcionalmente será ainda maior do que é hoje;
- o país não cresce pela total incapacidade do Estado de investir;
- a quantidade de brasileiros em busca da esmola estatal – bolsas – crescerá muito.
Talvez já não haja dinheiro para atender todos com as esmolas estatais, pois sem crescimento econômico não haverá crescimento da arrecadação, e como a dívida vai crescendo, cada vez maior será a parcela de recursos necessária para alimentar e rolar a dívida pública.
Estas não são afirmações levianas, mas simplesmente o retrato que os números oficiais formam.
Como não podemos agir no que passou, devemos fazê-lo de hoje para a frente, a começar pelas nossas escolhas na próximas eleições, e seguindo por nosso engajamento firme e continuado de cobrança, daqueles em que votamos, de ações honestas e segundo um plano estratégico sadio para nossos tão combalidos e espoliados municípios, estados e país.
Pensem nisto enquanto desejo a todos
uma ótima semana
Renato Holz
< renatoholz31@gmail.com > Horizonte / Ce, 03 de setembro de 2012
(*) bacharel em ciências econômicas, e articulista catarinense
P.S. – Permitida a reprodução parcial ou total, desde que citada a autoria.