RESENHA
DE LIVRO: O eixo do mal latino-americano e a nova ordem mundial
Escrito
por Ivanaldo Santos
DE
PAOLA, Heitor. O eixo do mal latino-americano e a nova ordem mundial. São
Paulo: É Realizações, 2008.
Em
junho de 2008 o analista político Heitor De Paola publicou um livro essencial
para a compreensão da atual situação política do mundo contemporâneo e
especialmente da América Latina. Trata-se de O eixo do mal latino-americano e a
nova ordem mundial. Os capítulos desse livro foram publicados inicialmente no
jornal eletrônico Mídia Sem Máscara (MSM).
Neste
livro Heitor De Paola apresenta, a partir de sólida documentação, como milhões
de pessoas estão sendo submetidas a um sistema de profunda lavagem cerebral e,
por conseguinte, de total anestesia política. Esse sistema é financiado pelos
governos esquerdista-liberais, por ONGs e fundações internacionais. Além de
amplas fontes de recursos financeiros existe a cumplicidade de setores
estratégicos da sociedade como, por exemplo, a grande mídia, parte da
intelectualidade universitária e setores da Igreja que se auto proclamam de
"progressistas" e "esclarecidos". Entre esses setores ganha
destaque a Teologia da Libertação (TL). Uma teologia de inspiração marxista e
ateísta que, na prática, funciona como a quinta coluna, a qual tem por
finalidade minar e, se possível, destruir a Igreja por dentro, ou seja, a
partir de seus sólidos alicerces evangélicos e filosóficos.
Como
afirma o filósofo Olavo de Carvalho, no Prefácio do livro, Heitor De Paola
consegue apresentar, de forma compreensível, as "falsificações que tornam
a forma geral do processo totalmente invisível à massa de suas vítimas, ao
mesmo tempo dão visibilidade hipnótica a aspectos isolados e inconexos,
artificialmente dramatizados como 'problemas urgentes', fazendo com que do mero
caos mental se passe às ações arbitrárias e desesperadas que complicam o quadro
da vida real até à alucinação completa" (2008, p. 16).
Obviamente
que os críticos da argumentação desenvolvida por Heitor De Paola afirmarão que
seu livro trata-se apenas de mais um delírio da direita conservadora.
Entretanto, acusar Heitor De Paola de ser um pensador de direita não conseguirá
desacreditar O eixo do mal latino-americano e a nova ordem mundial. O motivo é
que, de um lado, Heitor De Paola apresenta provas documentais históricas
praticamente irrefutáveis e, do outro lado, ele é um ex-militante da
organização de extrema esquerda Ação Popular (AP) que na década de 1960 realizou
vários atos de terrorismo no Brasil. Como poucas pessoas, Heitor De Paola
conhece as estratégias de tomada do poder desenvolvidas pela esquerda.
O livro
de Heitor De Paola possui uma importante parte histórica, onde ele apresenta de
forma resumida, mas muito compreensível, as estratégias que a esquerda
internacional desenvolveu entre 1917, com a Revolução Socialista Russa, até
1989, com a queda do muro de Berlim, para a tomada do poder e o estabelecimento
de um governo mundial e plenamente totalitário. Essa parte histórica do livro
de Heitor De Paola é fundamental para os estudantes e profissionais liberais da
sociedade contemporânea. O motivo é que atualmente quase nada é ensinado nas
escolas e universidades sobre as estratégias violentas e demagógicas da
esquerda internacional para tomar o poder político. Atualmente apresenta-se a
esquerda como uma espécie de "sociedade de santos" que busca apenas o
bem-comum e a prosperidade humana. Toda a barbaridade e as atrocidades
cometidas em nome do socialismo são simplesmente silenciadas. É por causa dessa
consciente e lamentável omissão que o livro de Heitor De Paola é uma leitura
obrigatória.
Além
disso, o livro de Heitor De Paola trás a análise de duas importantes
manifestações do neototalitarismo na sociedade ocidental.
A
primeira manifestação é o totalitarismo intelectual que atualmente está
infestando os meios acadêmicos do ocidente, inclusive do Brasil. O grande guru
do totalitarismo intelectual é o filósofo marxista Antonio Gramsci que com sua
tese da Revolução Cultural, advoga a criação e imposição de uma agenda única
para o pensamento humano. Essa agenda é criada pelos profissionais do
pensamento que, por sua vez, são submissos as orientações oriundas da cúpula do
"pensamento correto", ou seja, da minúscula elite formada por
dirigentes de partidos políticos, artistas, economistas e outros profissionais
que se dedicam, em tempo integral, a determinar como o mundo deve viver e como
as pessoas devem pensar.
A
segunda manifestação é o neototalitarismo que emerge na América Latina como
consequência da estratégia de dominação desenvolvida pelo Foro de São Paulo,
uma versão latino-americana da Internacional Comunista. Heitor De Paola
demonstra como a esquerda internacional, após a queda do muro de Berlim, não
abandonou a pretensão de estabelecer um regime tirânico e centralizado para
toda a humanidade. Pelo contrário, seu projeto é o mesmo. Apenas é um projeto
que se apresenta de forma moderna com a roupagem de defender minorias e
derrubar o imperialismo dos EUA.
Toda
forma de imperialismo deve ser denunciada. Entretanto, apenas o imperialismo
dos EUA é atacado. Atualmente o imperialismo transversal do Foro de São Paulo,
orientado principalmente pelo Brasil e pela Venezuela, sequer entra nas
discussões realizadas pela mídia e pela intelectualidade universitária.
Todavia, o que vemos é a lenta e gradual implantação do neototalitarismo na
América Latina. Essa implantação se dá inclusive de forma tradicional, ou seja,
com a expansão de guerrilhas fratricidas e do caos na vida política e
econômica.
Porque
ninguém vê e debate essa questão? Heitor De Paola demonstra que a cegueira
intelectual que move a América Latina atualmente é fruto da junção de duas
grandes forças.
De um
lado existe a nova estratégia da tomada do poder pela esquerda. Estratégia que
envolve forte cooptação da mídia e da classe artística. Cooptação feita, em
grande parte, às custas de altas somas de dinheiro. Além disso, propaga-se uma
ideologia pacifista que prega o fim da religião, especialmente da religião
cristã, o estabelecimento de um governo mundial organizado em torno da
Organização das Nações Unidas (ONU) e, por conseguinte, o fim da soberania
nacional. Tudo isso é apresentado em nome do fim das injustiças sociais.
Entretanto, pergunta-se: existe injustiça social maior do que determinar o fim
da liberdade?
Do
outro lado encontram-se as graves falhas de avaliação estratégica cometidas
pelos países ocidentais, inclusive pelos EUA. Falhas que vão desde não
compreender as reais intenções da esquerda internacional, passando por graves
problemas de interpretação realizados pela diplomacia e pelos serviços de
segurança nacional até a incapacidade das forças políticas que tradicionalmente
defendem a liberdade no Ocidente de se oporem a um inimigo que, cada vez mais,
é organizado e tem ramificações em quase todos os setores da vida pública.
Por
fim, afirma-se que o livro de Heitor De Paola é fundamental para a compreensão
da história e das atuais estratégias planetárias de implantação de um governo
único e, com isso, acabar com a liberdade. Este livro pode ser o primeiro passo
de um processo de esclarecimento e contra-revolucionário na América Latina e no
mundo. Justamente o processo que a atual sociedade precisa para novamente poder
compreender e experimentar a liberdade e a dignidade humana.