Reflitam comigo. É simples. Imaginem uma reunião de religiosos qualquer (pouco importa a denominação). Lá estarão cem, duzentas ou mais pessoas tentando de alguma maneira melhorar seus dias. Essa simples disposição de lá estar já é indício de que tais viventes procuram algo ou oportunidades de “mudar” de vida ou realizar algum “milagre” que as transformem de infelizes em felizes. Assim, ouvindo opiniões, depoimentos, testemunhos, se abrem algumas possibilidades até então “inimagináveis” e o vivente percebe alguma luz no fim do túnel. E o que parecia sem saída. Dias de tempestades. Dias de provação. Chega apontando a direção que transformará sua vida. E após três décadas de intenso trabalho na fazenda do senhor Rubião foram convidados a se retirar, pois a fazenda fora vendida para uma multinacional... chegaram na cidade... e após alguns meses de falta de moradia, de falta de emprego, de falta de oportunidades... os céus mandaram a resposta. Seu Rubião foi tocado pelas orações e da noite para o dia lhes deu uma casa na periferia da cidade e alguns trocados até arrumarem emprego... esse milagre foi testemunha a senhora Rosalva em total agradecimentos aos demais membros da igreja. Esse foi um caso entre as mais de duzentas almas que ali suplicavam por melhores dias. Mera questão matemática. É a lógica funcionando a contento, como diriam alguns. Se duas centenas se esforçam em busca de algo, é provável que algo acontecerá e de pronto terá o significado creditado ao imaginário comum. Talvez ninguém pergunte se o senhor Rubião havia pago pelos trinta anos de trabalho ao casal e mais alguns anos aos demais cinco filhos cuja responsabilidade pelos tratos no campo em nada diferia dos pais. Imagino eu que saiu barato para o granjeiro... pois se isto vai parar na justiça trabalhista...vixe... ele é quem estaria de joelhos implorando um milagre.