quarta-feira, 24 de outubro de 2012

O PT que a maioria não vê

A última fatura

Prestes a deixar seus cargos, prefeitos se apressam em fechar convênios que extrapolam a atual gestão. Ministério Público investiga a onda de contratos firmados no apagar das luzes

Izabelle Torres
 
O comportamento já virou praxe na política. Às vésperas de deixar o poder, prefeitos se apressam em fechar contratos que extrapolam seus mandatos atuais. Embora eles aleguem que estão defendendo o interesse da população, essas iniciativas, muitas vezes, visam garantir o repasse de dinheiro público para  parceiros dos políticos que se despedem dos cargos. A ousadia tem chamado a atenção do Ministério Público. A tentativa desesperada de manter contratos em vigor já resulta em pelo menos 17 ações em andamento. Em Campo Grande, o prefeito Nelson Trad (PMDB) assina nas próximas semanas contrato com um consórcio formado por duas empresas para a coleta e tratamento de resíduos sólidos na capital sul-mato-grossense. A empresa LD é uma das vencedoras e pode receber mais de R$ 1,8 bilhão para prestar os serviços por 25 anos. Seria apenas mais um caso de terceirização a preços elevados, não fosse o fato de o dono dessa empresa ser Luciano Potrich Dolzan, sobrinho da primeira-dama do município.

Além do parentesco, a pressa com que Nelson Trad comandou a licitação alertou o Ministério Público. Os procuradores dizem que a prefeitura agiu para impedir que concorrentes tivessem acesso a informações sobre os serviços e detalhes das obras. “A prefeitura inviabilizou a participação de outras empresas”, resume o engenheiro Thiago Verrone, responsável pela denúncia que resultou na investigação.

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MAIS DUAS GESTÕES
Prefeito de Joinville, Carlito Merss (PT)
prorrogou o contrato de lixo por 10 anos
O filão milionário dos serviços de coleta e descarte do lixo também levou o atual prefeito de Joinville, em Santa Catarina, Carlito Merss (PT), a assinar no mês passado a prorrogação do contrato com a empresa Ambiental Limpeza Urbana. O convênio vai durar dez anos. A iniciativa fez com que vereadores pedissem abertura de investigação para apurar o caso. “Isso aumentou a desconfiança de que há uma relação promíscua entre o contratante e empresários”, disse em plenário o vereador Adilson Mariano, do mesmo partido do prefeito.

Em São Paulo, quem suceder Gilberto Kassab (PSD) terá de dar continuidade ao processo de contratação para a recuperação das orlas das represas Billings e de Guarapiranga. A obra está orçada em R$ 3,3 bilhões. O MP quer saber por que Kassab se apressou em homologar a licitação, apesar de nem haver data para as obras começarem. Diante disso, procuradores ouvidos por ISTOÉ disseram que vão acompanhar com lupa todas as fases desse processo. Em Maceió, o prefeito demissionário Cícero Almeida (PTB) autorizou prorrogações de contratos com empresas investigadas por falhas na prestação de serviços à prefeitura. É o caso da Oscip Tocqueville,  que presta serviço à Secretaria de Assistência Social da capital alagoana e é suspeita de fraudar prestações de contas para distribuir dinheiro entre políticos.

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http://www.istoe.com.br/reportagens/paginar/247276_A+ULTIMA+FATURA/2