segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Vítimas da guerra pela audiência

É difícil para o cidadão comum manter-se calado, e o pior, não ter a quem recorrer quando se depara com situações constrangedoras como a que emergiu dum programa televisivo nesta semana cujo tema era abuso sexual.

Todos sabem o que isso significa e de que maneira acontece, mas a pretexto de bem informar "entre aspas" a entrevistadora de uma criança vítima, parte para uma série de perguntas recheadas de mínimos detalhes que levam facilmente qualquer um imaginar uma cena de pedofilia.

Isso descrito com minúcias nojentas e desnecessárias... serviu, em minha opinião, somente para constranger os telespectadores. Eu, como adulto, tenho o discernimento e a liberdade de mudar de canal. Assim, continuei o suficiente para "quase vomitar" ao imaginar que milhares de crianças estariam expostas àquilo gratuitamente. Sofrendo assim, abalos em suas crenças e idéias, além da falta de respeito a sua integridade psíquica e moral.

Diante de tal situação, o que me causou ainda maior perplexidade é que ninguém, nem um advogado ou membro do ministério público tenha se dado ao trabalho de contrapor tais imagens com o  que determina o Estatuto da Criança e do Adolescente em seu Capitulo II artigos 17 e 18. Lá está claro...  respeito à inviolabilidade física, psíquica e moral das crianças... preservação dos valores, idéias e crenças... além do dever de pô-las a salvo de qualquer tratamento vexatório ou constrangedor.

E porque mais vexatório e constrangedor para uma criança do que assistir à descrição detalhada de atos "libidinosos" praticado por pedófilo. Não basta o sofrimento da vítima, em nome da audiência, deve-se popularizar a chaga...

Desculpem-me leitores pela indignação, mas não dá para fingir que ninguém sabe, que ninguém viu. Alguém tem que pelo menos "gritar"... esse é meu grito pelo dever de todos de velar pela dignidade da criança e do adolescente (Vide Lei 8069 ECA Art. 18).

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