sexta-feira, janeiro 11, 2013
O BRASIL É VOSSO!
Luta de classes morta, luta racial posta, costumo afirmar. Como
falar em classes se tornou no mínimo démodé, os velhos comunistas tentam agora
lançar uma classe contra outra. Se fazer pobre lutar com rico perdeu seu
prestígio após a queda do Muro e do desmoronamento da União Soviética, ainda
bem que existem brancos e negros para impulsionar a Idéia - como se dizia antes
- através da História. Quem mais aposta no racismo hoje, para obter dividendos políticos,
são os velhos comunistas. E também os jovens comunistas, que também os há.
O secretário municipal da Promoção da Igualdade Racial de São
Paulo, Netinho de Paula (PCdoB), que se licenciou da função de vereador para
assumir a pasta na administração do prefeito Fernando Haddad (PT), diz que a
sociedade paulistana é racista e que pretende criar uma TV para exibir conteúdo
feito com "a visão da população negra".
Soa no mínimo curioso tachar de racista uma cidade que elegeu um
prefeito negro e também o elegeu vereador. O mesmo insulto tem sido dirigido
aos gaúchos, que elegeram para sua capital um prefeito negro e depois o
guindaram ao governo do Estado. Na Bahia, o Estado de maior contingente negro
do país, sempre elegeram brancos para a prefeitura de sua capital. Ou para o
governo estadual. Mas baiano não é racista. Baiano é predominantemente negro e
negro, por definição, não é racista.
No final de dezembro passado, em entrevista ao G1, Netinho saiu-se
com esta pérola:
- A gente precisa convencer a sociedade paulistana de que ela é
racista, ela precisa entender que ela é racista. A partir do momento que ela se
assumir como racista, ela pode trabalhar isso, porque a gente perde
economicamente, a gente exclui uma sociedade que pode ajudar muito o país.
Ou seja, se paulistano não é racista e elege um prefeito negro, é
preciso convencê-lo de que é racista apesar de ter eleito um prefeito negro.
Que aliás manchou a causa negra. Seu mandato foi marcado por corrupção,
denunciada principalmente por sua ex-mulher. As denúncias envolviam vereadores,
subsecretários e secretários, destancando-se entre elas o escândalo dos
precatórios. O valor das denúncias somadas alcançou 3,8 bilhões de reais,
equivalente a quase metade do orçamento do município na época. Pita foi
condenado à perda do cargo pela justiça. Só pode ter sido racismo do
Judiciário. Depois o recuperou. Vai ver que o Judiciário redimiu-se de seu
racismo.
O cachimbo entorta a boca. Netinho lembra Lula, que em suas
campanhas eleitorais, sempre lutou contra as elites. Hoje, que virou elite,
esqueceu de mudar o disco e continua vituperando as elites que o elegeram.
Além da TV com conteúdo negro, seja lá o que isso for, Netinho
pretende criar cursos de qualificação e parcerias com empresas privadas para
inserção da população negra no mercado de trabalho em cargos de liderança. Vai
mais longe: também estuda um turismo étnico na cidade e diz que entrou em
contato com entidades negras para definir quais serão os pontos escolhidos.
- A gente poder receber, dialogar e mostrar a nossa história na
cidade. Isso tem muito a ver com autoestima e com geração de emprego. Entre os
pontos que devem fazer parte do roteiro estão locais em que os escravos moravam
e igrejas construídas por negros, como a Nossa Senhora do Rosário dos Homens
Pretos, no Largo do Paissandu.
E quando passar por obras realizadas por brancos? Deixa-se de
lado, é de supor-se. Só negros construíram São Paulo. Que os brancos cultuem
seus brancos. Netinho é ambicioso. Quer introduzir racismo na mídia, no mercado
de trabalho e até mesmo no turismo.
Em abril do ano passado, a suprema corte judiciária do país
oficializou, por unanimidade, o racismo no Brasil. No dia 26 daquele mês, o STF
revogou, com a tranqüilidade dos justos, o art. 5º da Constituição Federal,
segundo o qual todos são iguais perante a lei sem distinção de qualquer
natureza. A partir de então, oficializou-se a prática perversa instituída por
várias universidades, de considerar que negros valem mais do que um branco na hora
do vestibular. Parafraseando Pessoa: constituições são papéis pintados com
tinta. Que podem ser rasgados ao sabor das ideologias.
A escalada avançou no início de outubro passado, quando Marta
Suplicy, então ministra da Cultura, anunciou o lançamento de editais para
beneficiar apenas produtores e criadores negros. "É para negros serem
prestigiados na criação, e não apenas na temática. É para premiar o criador
negro, seja como ator, seja como diretor ou como dançarino", disse a
ministra à Folha de São Paulo.
O nó de tope foi dado ainda em outubro, quando o Palácio do
Planalto anunciou para novembro daquele ano um amplo pacote de ações
afirmativas que inclui a adoção de cotas para negros no funcionalismo federal.
A medida, defendida pessoalmente pela presidente Dilma Rousseff, atingiria
tanto os cargos comissionados quanto os concursados.
Segundo o jornal, que teve acesso às propostas, a cota no
funcionalismo público federal propõe piso de 30% para negros nas vagas criadas
a partir da aprovação da legislação. Hoje, o Executivo tem cerca de 574 mil
funcionários civis.
Existe também a idéia de criar incentivos fiscais para a
iniciativa privada fixar metas de preenchimento de vagas de trabalho por
negros. Ou seja, o empresário não ficaria obrigado a contratar ninguém, mas
seria financeiramente recompensado se optasse por seguir a política racial do
governo federal. Mérito ou capacitação profissional não mais interessam. O que
interessa, definitivamente, é a cor da pele.
Aleluia, afrodescendentada! O Brasil é vosso.