Há mais de trinta anos, eu, apenas um estudante
do interior, branco, pobre e sem dinheiro no bolso, ingenuamente desloquei-me à
capital para increver-me no vestibular. No dia da inscrição já me senti
intimidado, pois só chegavam pessoas em seus carros e carrões. Então percebi e
entendi porque as pessoas estudavam na capital e faziam cursinhos, terceirões
entre outras preparações possíveis aos que podiam pagar. Após os exames cujo
desempenho é indigno até de lembrar, voltei com minha esperança e doce ilusão à
minha terra. Lá olhei o mundo com outros olhos e consegui entender porque
somente os filhos dos ricos conseguiam se formar médicos, dentistas,
engenheiros, arquitetos... Então, enfiei a viola no saco, me coloquei no meu
lugar, e procurei levar uma vida compatível com meus recursos! Não estou aqui
para choramingar ou relatar exceções, pois existem em qualquer área, mas
acredito que é regra geral, a quem dispõe de melhores recursos, principalmente
dinheiro, obter uma melhor formação. Isto é lógico e compatível. Por isso,
continuo imaginando que a injustiça no ensino é a econômica. Além da sofrível formação
proporcionada pela rede pública até se chegar a universidade. E não uma questão de cor branca, preta, amarela, vermelha, verde ou seja lá qual for.
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