A NOTÍCIA:
Ministra disse que montante do orçamento para o programa subiu para R$ 23,9 bi
18 de março de 2013 | 14h 08
Ricardo Leopoldo - Agência Estado
Eu reconheço que sou um iconoclasta, um anarquista teórico, um contestador barato (segundo alguns muito caro, qualquer que seja o meu salário), um cidadão sem qualquer respeito pelas autoridades, mas considero ser do meu dever lutar pela precisão conceitual, pela correção da realidade, pelo argumento preciso, ou pela simples exposição da verdade.
Segundo leio na matéria abaixo transcrita:
"De acordo com a ministra, como o Bolsa Família atende um universo de 50 milhões de pessoas e conseguiu reduzir em 89% a extrema pobreza no País, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o programa é muito eficiente."
Não, não é, nem eficiente, nem conseguiu eliminar sequer 1% da pobreza, e isto por uma razão muito simples: o Bolsa Família não elimina a pobreza, ele apenas subsidia o consumo dos pobres. Ele seria eficiente se ele retirasse as pessoas da pobreza, o que ele não faz, nem parece pretender fazer. Ele apenas distribuiu alguns caraminguás, que permitem aos mais pobres (não todos, apenas os inscritos no programa) comprar bens alimentares e outros, é isto e apenas isto. E porque ele não retira ninguém da pobreza e não é eficiente? Preciso desenhar, ou vou ser compreendido apenas com este argumento?
Se o Bolsa Família acabar, voluntariamente ou por alguma catástrofe orçamentária, as mesmas pessoas voltarão para a situação de pobreza anterior, e não terão "renda" para comprar alimentos ou outros coisas. Pior: elas não voltarão para a situação anterior, pois há muito deixaram de correr atrás do alimento como faziam antes, contentando-se a partir dele em retirar o dinheiro do caixa eletrônico e ir ao empório comprar seus bens de consumo.
Se o Bolsa Família acabar, voluntariamente ou por alguma catástrofe orçamentária, as mesmas pessoas voltarão para a situação de pobreza anterior, e não terão "renda" para comprar alimentos ou outros coisas. Pior: elas não voltarão para a situação anterior, pois há muito deixaram de correr atrás do alimento como faziam antes, contentando-se a partir dele em retirar o dinheiro do caixa eletrônico e ir ao empório comprar seus bens de consumo.
Se supõe, pela lei universal da sobrevivência humana -- alguém me corrija se estou errado -- que essas mesmas pessoas pobres, antes que aparecesse o guia genial dos povos, o pai dos pobres como nunca antes aconteceu neste Brasil desde Cabral, se supõe que esses pobres não estavam sendo dizimados aos lotes por alguma epidemia de fome auto-induzida.
Se supõe também, se os tivessem efetivamente o mesmo instinto de sobrevivência que pertence a todos os animais, primatas ou não, e parece que até a algumas plantas, que eles estavam, antes do BF, em uma luta diária em busca do alimento, na rocinha de subsistência do interior, na xepa da feira, ou até no roubo e na busca de alimentos rejeitados.
O Bolsa Família veio tirá-los dessa linha de "desconforto", ou de "insegurança alimentar", como gostam de dizer os companheiros, e colocá-los no grupo dos assistidos, um verdadeiro exército de dependentes, de 50 milhões de pessoas, segundo a ministra que, aparentemente, já não seriam mais pobres.
Erro monumental! Eles continuam pobres, apenas que dispondo de um subsídio ao consumo. Acabado hipoteticamente o programa, eles voltam a ser pobres, talvez até numa situação mais precária, e mais "desconfortável", com sua rocinha de subsistência abandonada, sua busca quotidiana de alimentos trocada pela ida regular ao empório na compra do necessário, e talvez até mais indignados do que antes, pois que seguros de sua nova condição "cidadã", adquirida por eles (mas não exatamente para eles), esses pobres estruturais se sentiriam preteridos e injustiçados se lhes faltassem os caraminguás.
Onde está o governo injusto que pretende relançá-los à miséria? De onde, aliás, eles nunca tinham saído, apenas que ostentado o status de pobres assistidos.
Como ainda não nasceu o político -- de qualquer partido, de qualquer linha ideológica, de qualquer escola econômica -- que vai acabar com o Bolsa Família, podemos prenunciar brilhantes anos pela frente do "maior programa social do mundo", exibindo com orgulho essa marca que deveria ser, na verdade, um sinal de desgosto e de desgraça para o país.
Como também já era, ainda que com atenuantes, o Bolsa Escola. Seus criadores se orgulhavam pelo fato de poder retirar as crianças das ruas e do trabalho e mantê-las na escola, ainda que à custa da "cenoura" do Bolsa Escola, do contrário seus país não estaria ligando se elas largassem a escola ou eles mesmos as obrigariam ao trabalho na roça ou nos pequenos afazeres urbanos. As pessoas não se dão conta que isso é uma confissão de fracasso, uma incapacidade monumental de se ter uma situação normal, na qual os pais trabalham e os filhos estudam. Não que eu tenha algo contra o trabalho infantil, muito pelo contrário. Acho que crianças, mesmo antes dos 14 anos, podem muito bem ajudar os pais, ou a si mesmas, fazendo atividades remuneradas ou produtivas.
As proibições absolutas me parecem simplesmente idiotas, e não vou argumentar agora por que...
As proibições absolutas me parecem simplesmente idiotas, e não vou argumentar agora por que...
Estou apenas corrigindo a ministra, e dizendo que eles finamente conseguiram criar o maior programa assistencialista do mundo. Parabéns ministra, vocês estão eternizando a pobreza e a miséria.
Acho que era isso mesmo que vocês queriam, não era? Um imenso curral eleitoral sob pretexto de justiça social. Um terço, ou pelo menos um quarto, do país na assistência social. Não é uma maravilha? Quase estamos virando um país normal, sem pobreza...
Paulo Roberto de Almeida