Por Gilrikardo
De acordo com a Constituição Federal, um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil é "... reduzir as desigualdades sociais ..." (*), intento que não se realiza quando o Estado patrocina o ensino gratuito em suas entidades públicas para uma classe de estudantes que lota o estacionamento com seus automóveis "top" de linha.
(aqui abro um parêntese para relatar que ingenuamente, saído do interior, tentei três vezes o vestibular em Universidades Federais, na primeira vez, já percebi através do estacionamento que ali a condição financeira seria uma barreira intransponível, e foi...)
São pessoas que detêm um nível de vida muito acima da necessidade de gratuidade, entretanto ano após ano, década após década constata-se que permanecem intocáveis em detrimento daqueles a quem o Estado constitucionalmente deveria garantir certa equidade na distribuição dos recursos públicos.
Ao excluído desse processo, cabe viver de ilusões ou atingir o sonho através das centenas de instituições privadas. Surgidas no vácuo da onda tecnológica, oferecem cursos noturnos, semi-presenciais, via satélite, só aos sábados, por correspondência, etc. Ultimamente proliferam mais que erva daninha e cuja finalidade primeira da maioria parece ser ganhar dinheiro, quiçá raras comprometidas ou capacitadas com a excelente formação de fato. Não é à toa que existem milhares de diplomados vendendo pipoca, hotdog ou noutra atividade qualquer. Enquanto aquele oriundo das melhores e mais qualificadas instituições (geridas e financiadas com dinheiro público) recebe o diploma de doutor cercado de honrarias e méritos, além de um mercado de trabalho com portas abertas.
Assim o privilegiado por natureza (ricos) é mais uma vez abençoado pelo sistema que fecha os olhos ao lhe patrocinar com recursos de impostos daqueles que ralam e comem o pão que o diabo amassou (acreditem ou não, também possui carga tributária). E dessa forma o governo demonstra sua competência em fomentar e distribuir a desigualdade, contrariando frontalmente nossa carta magna.
Existem fórmulas simples para resolver uma distorção como essa (longe de mim as tais bolsas, esmolas ou cotas), por exemplo, candidatos a vaga em estabelecimento de ensino público deveriam comprovar a necessidade de gratuidade, caso contrário arcariam com os custos. Não é preciso ser um especialista para entender que devemos lutar por um Estado mais justo e menos tendencioso ao tratar os recursos públicos.
(*)Art. 3º - Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I. construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II. garantir o desenvolvimento nacional;
III. erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV. promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.