Tal branco há muito desafia-me. Ainda em meus tempos de primário, chegava à minha carteira e após algumas orientações da professora a simples folha transforma-se numa imensa floresta repleta de animais e acidentes geográficos.
À medida em que os anos se foram o desafio parecia o
mesmo. Uma folha, uma orientação, e de lá saiam gemidos, gritos, e correrias
advindas das aventuras infanto-juvenis. Aquele clima era transposto para as
brincadeiras em tempo real. Isto é, as histórias inventadas eram utilizadas em
novas brincadeiras que partilhávamos. E assim, em várias épocas e ocasiões.
Pelos mais diversos motivos, pus-me ao desafio da folha em branco.
Creio não ter desistido em ocasião alguma. Mas
lembro-me das pessoas que facilmente tremeram frente ao desafio, e talvez por
isso, se transformaram em ferrenhos críticos daqueles a quem o branco se
rendera. Era comum, e disto lembro muito bem, as pessoas nem ao menos tentarem,
para logo em seguida, num reflexo tardio, tecerem as mais virulentas críticas a
respeito de meu esforço incondicional de não desistir frente ao nada.