terça-feira, 9 de abril de 2013

Folha em branco

Por Gilrikardo

Tal branco há muito desafia-me. Ainda em meus tempos de primário, chegava à minha carteira e após algumas orientações da professora a simples folha transforma-se numa imensa floresta repleta de animais e acidentes geográficos.
 
À medida em que os anos se foram o desafio parecia o mesmo. Uma folha, uma orientação, e de lá saiam gemidos, gritos, e correrias advindas das aventuras infanto-juvenis. Aquele clima era transposto para as brincadeiras em tempo real. Isto é, as histórias inventadas eram utilizadas em novas brincadeiras que partilhávamos. E assim, em várias épocas e ocasiões. Pelos mais diversos motivos, pus-me ao desafio da folha em branco.
 
Creio não ter desistido em ocasião alguma. Mas lembro-me das pessoas que facilmente tremeram frente ao desafio, e talvez por isso, se transformaram em ferrenhos críticos daqueles a quem o branco se rendera. Era comum, e disto lembro muito bem, as pessoas nem ao menos tentarem, para logo em seguida, num reflexo tardio, tecerem as mais virulentas críticas a respeito de meu esforço incondicional de não desistir frente ao nada.