terça-feira, 22 de maio de 2012

A verdade de cada um

No. 281 - 21/2012
Nós e a Crise
Renato Holz (*)

Certa vez, em entrevista publicada na revista veja, o rabino Sobel afirmou:

“quando não existe crise, existe pouco envolvimento existencial para com sua identidade, para com sua 
religião e para com o mundo.“

Estas afirmações me levaram a refletir sobre a nação brasileira.

Nós brasileiros vivemos em um ambiente de muita tranqüilidade, somos tolerantes ao extremo, e pouco nos envolvemos com os problemas de nossa comunidade, de nossa cidade, de nosso país. Somos especialistas em transferir todos os problemas para os governantes, os quais escolhemos com pouca ou nenhuma reflexão, e passadas as eleições, com sensação de dever cumprido, nos afastamos totalmente de qualquer assunto que diga respeito ao coletivo, do qual somos parte.  
Vemos uma ou outra manifestação de parcelas da sociedade organizada na exigência de direitos muito individualizados como salários, vantagens pecuniárias e outros que tais, e nunca se vê qualquer manifestação sobre nossas obrigações como cidadãos.
No Brasil colônia, quando a coroa portuguesa elevou os impostos sobre a mineração de ouro para em torno de vinte por cento ouve uma revolta que resultou em prisões e morte - A Inconfidência Mineira. Já no decurso do segundo reinado, o aumento de impostos sobre a produção de charque resultou em sangrenta luta fratricida – A Guerra dos Farrapos.
Na atualidade somos informados constantemente que trabalhamos em torno de cinco meses a cada ano para manter o Estado em seus três níveis de governo, sobre corrupção ativa e passiva envolvendo governantes e representantes legislativos, sobre a má distribuição de renda e tantos outros problemas e dos poucos eventos que nos levam a empunhar a bandeira brasileira e como nação nos unirmos em torno de uma causa é o futebol – copa do mundo.
A participação da seleção brasileira em uma copa do mundo é um acontecimento que merece envolvimento e união, sem sombra de qualquer dúvida.  Mas...  e a educação, a saúde e a segurança pública são menos importantes?  Ah, esqueci, isto é problema do governo.
Basta um aquecimento qualquer na economia brasileira, e conseqüente aumento da atividade industrial que vemos manchetes “gritando aos quatro ventos” falta mão de obra qualificada.  A qualquer momento que abrirmos um jornal ou ligarmos um aparelho de televisão somos informados da legião de semi-alfabetizados que a grande maioria do povo brasileiro integra. São motivo de piada pela rede mundial de computadores as placas de sinalização e anúncios comerciais expressas em um português deformado, bem como “pérolas” que surgem às milhares nas redações das provas de vestibular que ocorrem em todo o país.

“  ... quando não existe crise, existe pouco envolvimento ...”

Concluindo pergunto: o que é necessário para tirar o povo brasileiro da letargia em que vive ante os grandes problemas nacionais? 
Será que ser assaltado em cada esquina, esperar meses por um exame de saúde, ver nossos filhos concluírem o primeiro grau escolar sem capacidade de interpretar e entender um texto de jornal não são crises de gravidade suficiente?   
Ou será que  alcançamos o ponto onde a todos nós falta capacidade de entender o que se passa à nossa volta, e identificar as sucessivas crises que vivemos.
É hora de darmos a nossa contribuição efetiva na luta pelo bem da humanidade, pelo aperfeiçoamento dos costumes e pela tolerância sem conivência.

Pensem nisto enquanto desejo a todos
uma ótima semana
Renato Holz
< renatoholz31@gmail.com >

Horizonte CE 21 de maio de 2012
(*)Renato Holz
bacharel em ciências econômicas, e articulista catarinense

Um comentário:

  1. Caro Senhor Renato,

    somos uma nação conhecida pelos contrastes e abismos entre as classes sociais. Eliminar tais diferenças é missão para séculos. Por exemplo, aqui agora, neste momento e neste blog, somos dois idealistas partilhando sonhos em nome de uma melhor sociedade, em contraponto, quantos milhões nem tomam conhecimento dessas ações ou como dizem os jovens atuais: TÃO NEM AÍ. Apesar disso, não devemos nos entregar, devemos sim perseverar neste apostolado e torcer para que mais pessoas se sintam também responsáveis pelo desempenho da humanidade. Obrigado pelas palavras sempre oportunas. Sinta-se a vontade para deixar aqui o registro de tua opinião.

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