MUDAR É PRECISO, mas como ?
Renato Holz (*)
Seguidamente a imprensa traz declarações de especialistas e de autoridades do governo federal falando sobre a economia brasileira, seu desempenho, o surgimento de uma nova classe média, o aumento de consumidores graças aos programas sociais e esforço do governo pelo crescimento com renuncia de impostos, a diminuição do preço de energia elétrica, etc, etc, etc . . .
Difícil é separamos o joio do trigo nesta massa de informações que recebemos sobre o assunto, até porque na maioria das vezes estas declarações e notícias vem de forma isolada, fora do contexto em que deveriam ser apresentadas.
Uma realidade, entretanto, é amplamente conhecida, e eu já a citei nesta coluna há alguns meses: “Todos nós cidadãos brasileiros, da dona de casa lá de Itaipava do Grajaú no Maranhão, ao banqueiro da Av Paulista sabemos que quando se gastar mais do que ganha cairá em dívida e pagará juros. E sabemos também que se esta dívida é para investir e proporcionar melhorias que trarão vantagens, ela é salutar, mas se nos endividamos para manter uma situação acima de nossa capacidade financeira estamos no caminho errado.”
Entretanto, o que podemos deduzir das declarações das pessoas do governo é que devemos consumir, e para isto nos endividar, cada vez mais, para assim garantir o crescimento econômico do país. E nos perguntamos, sempre novamente, porque nós, os brasileiros que produzem, temos de pagar a conta enquanto ele, o governo, nada faz para reduzir suas despesas com a manutenção da máquina estatal ? Sim, reduzir aquelas despesas públicas que existem única e exclusivamente em função do governo, e que não geram nenhum produto ou serviço.
Se para combater a inflação que está aí a tomar corpo nossos governantes souberam determinar à Petrobrás que vendesse abaixo do custo de produção, porque não tiveram coragem de reduzir a carga tributária da ordem de 57,03% sobre a gasolina ?
Se há uma grande capacidade em distribuir dinheiro público sob forma de esmola – bolsa disso e daquilo – porque não acompanhar esta prática com a redução da carga tributária de gêneros de primeira necessidade – água engarrafada 45,11 %, açúcar 40,40%, trigo 34,47 %, café 36,52 % - e assim permitir que o operário que trabalha e produz, e para isto ganha o salário mínimo, tenha condições melhores para sustentar a sua família ?
Porque não vemos investimentos públicos de vulto na preparação efetiva dos professores, principalmente os do ensino fundamental e médio, em um esmerado e eficiente preparo dos integrantes das polícias civil e militar, em equipamentos modernos para os hospitais públicos em quantidade suficiente para atender a população sem necessidade de filas que se arrastam por meses para uma simples mamografia ? Enquanto isto nossos governantes se sentem com poder para financiar atividades fora do Brasil, como em Cuba, por exemplo, e que nenhum benefício trarão para os brasileiros. Porque ?
Porque realizar uma copa do mundo, o que, está demandando uma enorme quantidade de recursos públicos, de forma descontrolada, quando faltam recursos para a educação básica e para serviços de saúde que atendam a real necessidade do povo brasileiro ?
Com este tipo de perguntas poderíamos continuar por um dia inteiro.
Convicto que as pessoas com poder de decisão nas três esferas de governo sabem disto tudo, me permito fazer uma última pergunta: porque não agem em consonância com o que é justo e perfeito para o povo brasileiro ?
A presidente da Finlândia Tarja Kaarina Halonen, na abertura de umnovo programa para o ensino básico dqquele país afirmou: “ . . . um povo ignorante vive a iludir-se e deixa se iludir. . . ”
Alterar a triste realidade brasileira está em nossas mãos. Devemos mostrar e explicar às pessoas em nossa volta, que não conseguem ver o cenário em que estão inseridas, a realidade que temos no Brasil, com riqueza de detalhes. Se cada um dos brasileiros pensantes, que são, no máximo, um quinto da população, conseguir mostrar com sucesso esta realidade a três pessoas, a resposta a este esforço virá já nas próximas eleições, através de mais votos conscientes, a única maneira legítima de realizar as mudanças necessárias.
Pensem nisto enquanto desejo a todos uma ótima semana
Renato Holz Horizonte / Ce 18 de fevereiro de 2013
(*) Renato Holz articulista e consultor em planejamento estratégico
P.S. – Permitida a reprodução parcial ou total, desde que citada a autoria