Reinaldo
Azevedo mostrou muito bem, em um de seus textos mais recentes, o erro crasso
cometido pelos jornalistas que avaliaram quase como se fosse um Fla-Flu a
mobilização de grupos antagônicos em torno da visita de Yoani Sanchez ao Brasil.
De fato, é um absurdo tratar as milícias fascistas montadas para impedir uma
pessoa de falar e os cidadãos que a isso se opõem querendo ouvi-la como se
fossem forças opostas com iguais méritos e deméritos. Não são.
Só para
lembrar. Volta e meia, o PT e seus parceiros promovem fóruns de esquerda. Com
tudo custeado mediante recursos públicos, trazem ao Brasil gente da pior
espécie. Verdadeiros gângsteres da filosofia e da política. Se fosse
consultada, a sociedade que paga impostos jamais concordaria em patrocinar
esses gastos. Mesmo assim, não tenho notícias de que forças políticas oponentes
organizem milícias para impedir que os participantes desses eventos profiram
suas tolices e difundam seus maus ensinamentos.
Por
outro lado, é indispensável escrever e sublinhar que os agressores da blogueira
estavam - vejam só! - declaradamente a serviço de dois governos e de um projeto
geopolítico. A serviço do governo cubano, a serviço do governo brasileiro e a
serviço do Foro de São Paulo. Isso não é tarefa que se atribua a meninos
arrogantes. A presença de um membro do gabinete do ministro Gilberto Carvalho
na reunião preparatória dessas estripulias fascistas, ocorrida na embaixada de
Cuba, torna tudo muito evidente. A reunião era para combinar as ações de repúdio
à senhora cubana. A articulação se faria pelas redes sociais. Para facilitar o
trabalho, foi distribuído um CD com as informações necessárias. E o funcionário
do governo brasileiro presente à reunião era, casualmente, o assessor do
Palácio do Planalto para redes sociais (um bom exemplo do que eu chamo de
aparelhamento partidário da estrutura do Estado). Em São Paulo, na esquina do
Conjunto Nacional onde Yoani autografava seu livro, um grupo gritava: "Sai
fora, blogueira imperialista. A América Latina será toda comunista". Ora,
esse é o projeto do Foro de São Paulo.
Tenho
certeza de que muitas pessoas, ao lerem este pequeno texto - quase um desabafo
para que não se diga que eu não entendi o que esteve em curso - dirão que estou
ampliando as dimensões de um fato menor. Pois esses são os piores cegos. Lula,
Dilma e os seus amam de paixão quem pensa assim. Os gângsteres da política, da
filosofia e da educação não querem outros opositores. O projeto proclamado alta
voz na esquina da Rua Augusta com Avenida Paulista, vai bem adiantado na
Venezuela, Equador, Bolívia, Paraguai, Argentina, Peru, Uruguai, Brasil e -
historicamente - em Cuba. Os resultados são péssimos, mas isso não tem qualquer
significado diante da importância da causa. Para tudo contam com o generoso
beneplácito dos que não querem ver. Nada mais adequado a estes do que um líder
que nada sabe, nada vê e nada ouve.
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*Percival Puggina (68) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site
www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no
país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a Tragédia da Utopia e
Pombas e Gaviões