sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Acredite se quiser

Sexta-feira fui ao parque onde o maior movimento registra-se aos domingos e feriados, assim pude rodar tranqüilamente. Havia um pequeno zoológico, um lago com pedalinhos, brinquedos para crianças, inúmeras trilhas que cortavam a pequena floresta urbana, além dos vários vendedores ambulantes com seus salgadinhos e guloseimas.

Iniciei observando os pequenos detalhes, aqueles que geralmente ignoramos em nosso dia-a-dia. Na primeira parada, o viveiro onde estavam dois gaviões, como não entendo de aves imaginei que seria um casal. Fiquei admirado pela maneira que "rasgavam" o solo com as garras afiadas em busca de alimento; era certeiro, duas ou três tentativas e "zás", lá apareciam as minhocas entre outras iguarias.

Continuei lentamente e sem destino, deixando-me levar; no trajeto contemplava as árvores, os arbustos, até as pedras eram alvo de minha atenção. Alimentava-me com a harmonia daquele cenário, inclusive contribuía como mais uma forma vivente ali manifesta. De repente quase fui atropelado por um garoto de aproximadamente dez anos deslizando em um skate. Vinha rápido, não pude perceber sua manobra, tocou-me de leve as pernas e lá se foi, dando-me um adeus. Sorri e devolvi-lhe o aceno. Fase maravilhosa, lembrei-me dos  meus tempos de guri.

É a vida - imaginei, enquanto seguia em minha aventura pelas ruelas do parque. Poucas vezes percebi o quanto pequenas coisas adquirem tamanho significado em virtude de nosso estado de espírito. Refletia sobre a sensação de poder advinda apenas em observar aquele pequeno universo de fauna e flora. Sentia-me grato em testemunhar singela manifestação da natureza. Quando para minha surpresa aquele garoto reaparece e desta vez caminhando em minha direção, com seu brinquedo embaixo do braço e ao passar por mim diz: -- O pai está contente com tuas atitudes!

Garoto gozador esse! Que pai, que nada, nem sei quem é ele, quanto mais seu pai - resmunguei. Segui em frente, procurando a saída. Estava próximo do portão, quando entre várias crianças, o garoto novamente sorrindo e acenando. Devolvi o cumprimento e continuei em direção à rua, para mim aqueles momentos foram além de minha expectativa, tanto que saí dali assoviando uma melodia qualquer...

Na primeira esquina, parei em uma banca de revistas. Procurava um jornal para terminar a tarde com alguma leitura. Ao percorrer as edições do dia, uma manchete com a foto daquele garoto paralisou-me: "Faleceu o menino skatista que foi atropelado na saída do parque ontem à tarde".

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Se preferir utilize o email: gilrikardo@gmail.com