quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Comigo

--E o dia que você não tiver nada para escrever.
--Isso é impossível, só se eu estiver impedido de pensar.
--Como assim.
--Ora, escrever nada mais é do que traduzir o pensamento em palavras, certo!
--Não acho que seja ou será? Agora você me deixou em dúvida! É o seguinte. Se fosse só traduzir o pensamento, estás a dizer que aqueles que não escrevem então não pensam?
--Estou a dizer que no meu caso, minha escrita é a simples tradução de meus pensamentos.
--Parece simples.
--E é simples. O problema é que a simplicidade não atrai à atenção das pessoas. Muitos procuram enfeitar “o pavão” como se diz, e acabam matando a iniciativa de escrever. Só porque acreditam que deveriam ser mais do que são. Ou pelo menos parecer. Isso é que atrapalha, em minha opinião, tira o natural que existe em você.
--Tô começando a captar a mensagem. Tá querendo dizer que se eu procurar ser o que sou será mais fácil. Tá bom. E as invenções, ficções e outros ões... como diras que se enquadram... com certeza o que imaginas não és tua realidade. E aí. Onde foi tua originalidade?
-- Estará sempre comigo. Original é ser natural. Original é ser eu mesmo. Então, até minhas ficções refletirão minhas crenças... Não acredito que sendo o que não sou traduza algo com  gosto e cheiro de meu sangue...
--Puxa, agora você apelou!
--Apelei!
--Sim, apelou para a minha ignorância e caiu do cavalo, pois te conheço o suficiente para dizer que tua escrita tem o teu cheiro!
--Até que enfim entramos num acordo. Viva nós?!?
--Nós! Quem?
--Ora, eu comigo!

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