domingo, 6 de novembro de 2011

DiVerSidADe

Nunca na história deste país (sic), uma palavra esteve tão em evidência quanto a tal "diversidade". É a bola da vez! Em qualquer canto ou esquina, lá estão as bandeiras pregando algo que tenta parecer moderno ou diferente daquilo que é peculiar desde que me entendo por gente - conviver com a multiplicidade. São as cores, os odores, os sabores, o mundo mineral, o vegetal e o animal. Que seria do amarelo se todos gostassem do azul. E assim adquirimos consciência das diferenças e de como isso resulta na harmonia que nos leva a viver. Simplesmente viver!

Mas quando essa tranqüilidade é rompida em nome da pluralidade, alguma coisa pinta no ar. E surgem os movimentos em defesa do azul, passeatas marchando pelo rosa, estatutos pregando pelo verde, organizações lutando pelo vermelho e outras cotas mais. Correntes que parecem guiadas pela insatisfação de representarem uma fração do universo.

É quando meu olhar atinge o jardim lá fora e contempla as flores, as árvores, os pássaros, os pulgões, as pererecas, os caracóis... todos ao sabor dos raios do sol e da refrescante brisa a embalar suas naturais existências. Fiel retrato do convívio equilibrado que a mãe evolução nos legou. Até que pousa um exuberante pássaro, rico em plumas coloridas. Um penacho dourado sobre a cabeça lhe confere um certo charme. Nem concluiu sua repentina aterrissagem e já soltou uma cantoria estridente. Os primeiros acordes se mostraram suportáveis, mas logo aquilo se tornou irritante, não só a mim como aos demais tipos ali presentes. O beija-flor deixou de lado seu néctar matinal  e debandou-se, o caracol recolheu-se, a perereca saltitou noutros rumos e pareceu-me que até as flores timidamente abandonaram seu encanto. Num resmungo interior deduzi que o discurso do visitante não agradou ou quem sabe sua postura saliente não foi bem recebida. Enfim, o que era doce acabou-se...

Então retorno aos meus botões sobre "diversidade" e toda a carga que atualmente, tão fora de moda, tenta  representar. É eu sair por aí gritando que sou diferente e desejar que me tratem como os iguais. Fica difícil. Pois existe o entendimento, o respeito e o gostar envolvidos. Compreendo que o mundo é pluralidade, nem preciso descrever como isso é, respeito aquilo que o bom senso nos impõe, como respeito um cão vira-latas que se atravessa em meu caminho, desvio e salvo-lhe a vida. É viver e conviver.

Agora, gostar! Gostar envolve muito mais do que o simples entendimento e o necessário respeito. Gostar vai além. Acredito que é esse o maior equívoco desses movimentos em nome das minorias, que em minha opinião é relativa, pois o mundo é a presença de todos. E não esta ou aquela parcela lutando pelo amor único. Não se obriga alguém a gostar desta ou daquela. Respeitar é nosso dever, mas praticar apologia, embarcar em movimentos, insinuar que devo concordar ou achar bonito está longe daquilo que a natureza vem esculpindo há milhões de anos...

Volto ao jardim, o pássaro se foi, fixo-me no canteiro onde a variedade de flores provoca reflexões e imagino o que seriam das rosas se todos gostassem das margaridas...Ufa! Suspiro aliviado, pois as ditas ainda não aprenderam fazer passeatas!

4 comentários:

  1. Texto legal!
    Seu blog é mt interessante.

    Bernadete

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  2. --Obrigado Bernardete!

    Volte sempre.

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  3. Gil,
    parabéns pela excelsa colocação das palavras.
    Os "diferentes", que querem ser tratados como iguais, na maioria das vezes não respeitam as diferenças...nem de opiniões.
    Um grande abraço
    Leomauro

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  4. --Grande Leomauro,

    sabes que tua opinião para mim é importante.

    Apareça.

    Abração, Gil.

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