domingo, 31 de julho de 2011

Algumas palavras

Algumas palavras, misturo-as. Estou faminto.  O resultado desta goreba é a oportunidade de saciar-me. Entre os ingredientes está a vontade, humm! ... ideal para qualquer cardápio, desde o mais singelo até aquele digno de reis. Tenho a vontade agora acrescida à persistência - indispensável componente. Mantém-me ligado na preparação. Vontade e persistência combinam, são o básico perfeito em qualquer ocasião.

Ainda assim, falta o tempero para atiçar o paladar. Causar maior prazer ao se degustar, para meu deleite... lá está... o melhor deles... a imaginação. 

Aos poucos, mexendo para melhor mistura, os ingredientes agregam-se. Algumas pitadas de tempero e deslizo por entre as pedras para finalmente encontrar a palavra escrita, meu prato feito.

Escrita com esmero. É a prosa pontilhada de dúvidas e talvez com alguns deslizes na gramática; mas cozida com elementos indispensáveis apenas aos sonhadores: visão do infinito entre dois pontos, que Roma é o destino.

Este foi o prato do dia. Foi alguém "marchando ao som de seu próprio tambor".*

*li esta frase nalgum lugar

sábado, 30 de julho de 2011

Tudo vale a pena

O único direito que ainda não conseguiram burlar, e não por falta de tentativas, é o meu direito de pensar. Enquanto meus neurônios mostrarem disposição em percorrer livremente os vários caminhos e quem sabe chegar à minha Roma, estarei dando gás e alimentando-os nas mais diversas fontes. Pois se existe alguma dádiva, creio ser o pensamento construído através da liberdade e da isenção de preconceitos oriundos da ignorância tão comum em todas as épocas. Hoje tudo é massificado, globalizado, comercializado... reduzindo-nos a presas fáceis de uma ou outra tendência. Para alguns nem é dada a chance de escolher, a outros tal hipótese inexiste. São poucos que se aventuram a enfrentar domínios já consagrados. É luta solitária. Romper paradigmas parece missão para poucos.

Poucos como Galileu Galilei que, ao afirmar ser o Sol o centro de nosso sistema, foi pressionado pelos pais do poder e para não ser condenado por heresia, finalmente assinou uma confissão declarando seu engano. Imagine-se a dor. Ser a única pessoa no mundo a enxergar um palmo mais adiante, e por isso, ser obrigado a curvar-se perante o poder instituído. Tal dádiva lhe custou a condenação. Morreu cego e longe do convívio público, além de ter suas obras incluídas no Index Librorum Prohibitorum -índice de livros proibidos- por longos trezentos e quarenta anos, quando finalmente o sistema que o condenou rendeu-se às evidências.

Assim, muitos conceitos consagrados há séculos, não estão livres de a qualquer momento sofrerem contestação de algum solitário cujo pensamento poderá romper algum padrão. A história tem seu tempo e as evidências apontam que nem tudo é vão.

P.S. "Tudo vale a pena, se a alma não é pequena."  Fernando Pessoa

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Onde houver... que eu leve...

A comunidade vivia um drama comum: fome. Ali, a luta pela sobrevivência perambulava diariamente entre as ruelas e barracos indignos de morada. A falta de saneamento transformava tudo numa grande fossa a céu aberto, com a proliferação de ratos, baratas entre outros transmissores de doenças. O cheiro era contaminado pelo lixo do lixo depositado de qualquer jeito a céu aberto. Ciente disso e sem as mínimas condições morar em outro lugar, aceitei a oferta de um canto onde só existia uma cama, aliás, pedaços de uma. Mal conseguia movimentar-me naquele cubículo, entrava meio de lado para, após certo esforço, enfim ajeitar-me. 
Não tinha roupas, assim não precisava guarda-roupa. Não havia energia nem aparelhos elétricos. Dessa forma minha mobília se restringia às velas e uma lata para as necessidades de peso, já que o xixi mandava pela janela mesmo, direto no valetão do antigo riacho que algum dia passou por ali. O aluguel era trazer alguma goreba para contribuir na alimentação daquelas crianças. Eram seis, uma escadinha, indo do mais novo com um ano até a mais velha com nove. Netos da senhora que me cedera o espaço. Não direi que foi amor à primeira vista, entretanto senti-me na obrigação de estender-lhes a mão e tudo o mais que de mim fosse possível. 
Assim, lembrando da imagem daquelas crianças imundas, doentes e com a miséria estampada em seus rostos, dirigia-me ao centro da cidade para buscar o nosso sustento. Revirava as lixeiras que encontrava pelo caminho, mas devido ao aumento da concorrência, caminhava cada vez mais longe, às vezes fazia mais de dez quilômetros para finalmente conseguir algumas sobras comíveis. Quando então, já era hora de voltar. Torcia para que os famintos não sucumbissem em minha ausência. Era lastimável o estado de miséria instalado naquelas gentes. Durante várias semanas nesta rotina, sair de manhã e voltar à tardinha, às vezes conseguia algumas moedas doadas pelo caminho, com as quais comprava guloseimas ou leite para as crianças menores. Nunca comprei algo para mim, pois já estava acostumado a sobreviver de restos ou ficar alguns dias na base da água. Pensava muito naquela família, isso sim, merecia atenção especial. 
Até que certa noite, ao voltar para casa, ao aproximar-me do barraco ouvi gritos, carros movimentando-se, sirenes e estampidos de várias intensidades. Era o confronto entre a polícia e alguns elementos que se escondiam por ali. Já presenciara tiroteios noutras ocasiões e lugares, mas não com tamanha intensidade. Senti medo, muito medo e quando o pavor apossou-se de mim, corri. Desejava conferir se tudo estava em ordem, se o pessoal estava em segurança, além de esconder-me, é claro. 
Tamanho desespero, devido ao zumbido dos projéteis que cruzavam próximos, fez-me entrar pela janela. Surpreendi-me ao ver a turma com cara de fome, mas muito alegres, seus olhos vibravam de felicidade. Parecia que alguém estava comemorando algum evento. Eu sem saber se chorava ou ria. Quando a vó, com a mesma alegria das crianças, tocou-me o ombro e disse para ficar tranqüilo, pois aquela barulheira em breve cessaria. E assim, depois de algum tempo de sirenes, tiros, rajadas, gritos de pavor e motores... tudo se aquietou. 
Quando então veio a ordem para que preparássemos o fogo e a água, pois haveria um ensopado daqueles - deduzi ser este o motivo da festa. Vibrei com a possibilidade de saborear algo feito na hora, quentinho... hummm.... há tempos que não comia algo assim. Então, sob o breu da noite e com uma grande faca nas mãos, aquela senhora que mal conseguia andar pelo peso da idade, retirou-se. Após alguns passos, se abaixou e iniciou seqüência de golpes naquilo que parecia ser uma das vítimas do confronto.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Notícia versus audiência

É comum presenciarmos declarações determinando se um fato é ou não utilizando-se das clássicas: "deu no jornal nacional", "saiu no jornal de hoje" "estava na revista tal" e por aí vai.

Devido à (in)cultura ou (de)formação, imediatamente agregamos tais conclusões aos conceitos que deverão contribuir para a visão de mundo. Assim, em doses homeopáticas, paulatinamente nos tornamos reféns da audiência que, sem exageros, parece transformar-se em sinônimo de verdade.

Isso transparece quando ingenuamente assistimos aos telejornais e a notícia do dia é um pequeno abalo sísmico que atingiu o Brasil. A matéria é carregada de cores para a conquista da audiência, pois aquilo que inicialmente se apresentava como informação de utilidade pública, transforma-se rapidamente em um show de especulações e hipóteses apelativas.

São apresentados depoimentos de pessoas apavoradas. Imagens de rachaduras nas paredes são a prova da força do fenômeno, aproveita-se para dizer que em tal ano em tal lugar morreram tantas mil pessoas. Tudo anunciado quase que histericamente pelos âncoras cuja  maioria dos comentários contribuem somente para a construção de alguma hipotética tragédia, muito pouco destina-se à explicação científica que facilmente traduz o sentido daquilo que seria de fato a notícia: simples acomodação das placas tectônicas, um abalo como milhões de outros que ocorrem desde que esse planeta surgiu... o Brasil encontra-se, até onde sabemos, numa posição isenta de riscos graves... não há como prever, etc...

Mas como estamos treinados pela audiência, devemos atender aos apelos do repórter e imaginar todos os "se": se isso, se aquilo, se eu, se... E assim vamos anexando (pré)conceitos à nossa formação de palpiteiros... é Fantástico!

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Li, gostei e transcrevo

Deputado catarinense sorteia TV e DVD no Twitter


Em busca de seguidores no microblog Twitter, o deputado catarinense Kennedy Nunes (PP) está sorteando uma TV e um aparelho de DVD entre os twiteiros que o seguirem. Em mensagem postada hoje, ele escreveu:

“Muitos twiteiros participando do sorteio do DVD e da TV”.

Em seguida, aparece um link, que remete ao site da Associação dos Jornais do Interior de Santa Catarina, que noticia: Ontem, dia 24, o deputado Kennedy Nunes PP-SC resolveu inovar. Em seu twitter, postou a seguinte notícia:

“Alo galera! Vou sortear, entre meus seguidores, um aparelho de DVD e uma TV ao alcançar 1.000 seguidores. Ajude a divulgar e participe!”

Muitos de seus seguidores no twitter já o recomendaram para toda a sua lista de amigos nesta rede social que está se popularizando cada vez mais no nosso país.

O deputado que visitou a região do Alto Vale há menos de 15 dias, espera chegar aos 1000 seguidores no tempo mais curto possível, e explicou também o critério que será utilizado para que se chegue ao vencedor da promoção:

--Quando chegar MIL vamos postar o login de todos com um número e escolheremos a data d prox sorteio da lot federal.

Para quem quiser concorrer, o twitter da figura é:

http://twitter.com/deputadokennedy

O meu (sem sorteio) é http://twitter.com/giovanigrizotti

Até agora, o parlamentar conseguiu arrebanhar 389 seguidores. Em seu twitter, o coordenador de projetos da Transparência Brasil, Fabiano Angélico, escreveu: 
 
(…) -É um tanto quanto desonesto isso de comprar seguidores. Feio o Huck fazer isso. E mais feio ainda para um político.

Postado por Giovani Grizotti > http://wp.clicrbs.com.br/diretodafonte

terça-feira, 26 de julho de 2011

Friedrich Nietzsche

Ninguém pode construir em teu lugar as pontes que precisarás passar para atravessar o rio da vida. Ninguém, exceto tu, só tu. Existem, por certo, atalhos sem número, e pontes, e semideuses que se oferecerão para levar-te além do rio, mas isso te custaria a tua própria pessoa: tu te hipotecarias e te perderias. Existe no mundo um único caminho por onde só tu podes passar. Aonde leva? Não perguntes, siga-o!"

As flores do vizinho

O pomar era viçoso. Várias espécies frutíferas diariamente observadas por ele. Admirava as flores brancas da macieira e imaginava que logo estariam produzindo lindas maçãs. Atração fatal para os pássaros que em bandos aportavam para afinar a cantoria. Tal visão lhe incendiava o desejo de quem sabe ser uma macieira e também partilhar com as aves penduradas em seus galhos. Seguiu em suas comparações até a ameixeira cujas flores ampliavam o colorido daquele espaço. Outra parada obrigatória das criaturas de asas e plumas que pousavam em busca do frescor das folhas.

Essas possibilidades deixavam-no cada vez mais intrigado, porque será que a ele não era dada essa graça, indagava-se. Continuava observando em sua volta e por todo o pomar não havia árvore que não lhe causasse inveja. Qualquer que fosse a flor ou o fruto o deixava transtornado, sentia-se menos que todos ali. Só porque em seus galhos não tinha a freqüência de bandos e mais bandos de pássaros, porque nunca havia visto uma flor brotar por entre seus galhos. Não entendia o porquê de sua presença naquele local, já que não era notado e não estava servindo nem para poleiro.

Desde quando se percebeu naquele recanto, muitas árvores surgiram para celebrar a vida. As estações determinando a época das flores, dos frutos, dos pássaros e das demais formas de vida. Ele continuava inconsolável, sentindo-se um alijado dentro daquele espaço pelo fato de não ser como as outras, praguejava-se a todo momento. Melhor seria se tivesse sido um pé de laranja, imaginava, para em seguida procurar pelo velho pé de laranja e verificar que sumira. Notou então que vários outros já não estavam mais presentes, lembrou-se então que desde a sua chegada muitos outros já partiram. Isso começou a dar-lhe um pouco de conforto, pelos menos estava presente - consolava-se. Será que eles não voltarão mais - questionava-se,  enquanto tentava entender o motivo daquilo tudo.

Foi quando que, por encanto, apareceram algumas pessoas lá embaixo e começaram a examiná-lo por inteiro. Diziam ser ele um jovem pinheiro, uma árvore nobre e que seria das grandes. Daqueles que levam mais de quinze anos para começar a florir e gerar os primeiros frutos, durava muito mais do que todas aquelas em sua volta. Ao ouvir isso, sentiu-se mais em sua condição. Com ar presunçoso, rapidamente mudou sua forma de julgar aqueles à sua volta. Olhou-os com desprezo, pois além de vida curtas, não estavam nem chamando a atenção daqueles especialistas, imaginou.

De repente um barulho começou a espantar os pássaros e um cheiro esquisito invadiu o ar. Era um daqueles estranhos com uma motosserra procurando o melhor ângulo para iniciar o corte e pô-lo abaixo. Quando percebeu a intenção os dentes da máquina já lhe haviam cortado mais da metade do tronco, estava para cair, era só uma questão de tempo.

Foi quando lamentou oportunidades perdidas por tentar ser o que nunca seria, igual às demais árvores. Não seria pessegueiro, nem ameixeira, nem macieira, tampouco um pé de laranja. Ele era pinheiro e como tal teria seu tempo de florir, gerar frutos e de partilhar suas virtudes - galhos e sementes - com os outros elementos da natureza. Agora era tarde demais...

Devido ao tamanho foi removido do pomar a fim de proporcionar maior luminosidade e chuva às outras culturas. O pinheiro não caiu em vão, tornou-se o que sempre almejara, algo especial e útil, transformou-se naquilo que fora vocacionado desde seu plantio: em mesas, cadeiras, bancos e outros utensílios para a fazenda do seu Rubião.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Autofagia

Vivemos um mundo onde o consumidor é o eleito. É difícil escapar imune aos apelos para que nos tornemos mais um devorador disto ou daquilo. É o novo lançamento que já vem com ar condicionado, ou aquela bolacha que não faz ruído, ou ainda, se desejamos a felicidade agora devemos aderir ao plano cujo financiamento será pago em oitenta  e tantas suaves prestações. Este é o modelo de economia que segundo os especialistas é o melhor até então, o mercado aberto a todos em todos os sentidos. Assim, em meio a inúmeras ofertas e promoções, surgem várias receitas apelativas e também de discriminação.

Assim, se digo que não compro no crediário ou não desejo um modelo novo, logo sou chamado de mão de vaca. Ou sou obrigado a ouvir assertivas condenatórias tais como: Vai guardar o dinheiro prá quê? Trabalha para fazer o quê?  Tá escondendo o dinheiro?. Tá aí o início de uma discriminação velada. Onde o perfil do consumidor ideal não está se enquadrando, então pressão nele e o miserável acaba sofrendo sem saber o motivo. É o poder do capitalismo contribuindo para manter acesa a chama da sensação de que falta alguma coisa. Esse é o segredo. Criar necessidade, mesmo que do além, e desse modo manter mais um elo no círculo do consome, paga e dá lucro. Vale tudo para manter o ritmo, até apelar para a imagem de crianças precisando de celular. É só conferir a propaganda onde meninas de seis ou menos anos, aprendem a criar a necessidade de que ter um aparelho lhes dará a felicidade de encontrar um namorado. Esse tipo de propaganda é... deplorável.

Diante disso, fugir para onde, se em qualquer meio de comunicação, desde o rádio até a internet... o apelo ao consumo é a mola mestra. Ou quem sabe uma entidade criada pela sociedade cujo controle está se perdendo e nos transformando em caça. Simples alvos de uma força voraz a nos consumir. É ... parece que todos os caminhos nos levam para autofagia.

domingo, 24 de julho de 2011

Um domingo

Aos domingos, após o almoço, retirava-se para o pátio e iniciava-se a diversão. Em frente à porta da cozinha, construía sua cidade com rios, estradas e casas de barro onde colocava os bonequinhos. Era bom ser o arquiteto, o prefeito e o morador. Via-se pilotando um carrinho ou montando um cavalo e pocotó... pocotó... em busca de aventuras.

Às vezes, algum distraído saía pela porta e dava com os pés naquelas construções. Era uma catástrofe que não o abalava, tão logo refeito do susto, reerguia nos mínimos detalhes. Tinha a igreja, o colégio, a biblioteca, as casas dos amigos, as ruas, estradas que levavam aos locais turísticos e a zona rural, tudo de acordo com o que vira na cidade grande. Cada personagem em suas respectivas atividades, às da cidade em seus empregos e repartições e as outras com suas criações e lavouras. Era seu exercício dominical de criador. Era aquilo que sua vontade determinava.

Após algum tempo, começou a roncar-lhe a barriga, sinal de que era a hora do recreio. Correu para o quarto, pegou uma atiradeira encheu o pequeno bornal e transformou-se em caçador. Precisava abater uma presa para preparar a refeição. Iniciou a caçada na velha figueira que era parada obrigatória dos pássaros da região. No íntimo, acreditava que nunca iria acertar em nada, pois era muito ruim de pontaria, mesmo assim valia pela aventura de estar batalhando pela sobrevivência.

Após várias tentativas, as mãos já doloridas de tanto esticar a borracha, viu um pardal aproximar-se saltitando de galho em galho, bicando os figos maduros. Era uma cena corriqueira ver aves no quintal, mas hoje tornou-se especial. Pois, aquela era a caça e seria seu sanduíche. Assim, pegou a última pedra, uma pequenina, ajeitou na atiradeira, esticou e ficou mirando para encontrar o melhor ângulo. Após alguns segundos de espera e determinação Zum... bem na mosca, viu algumas penas voarem e a caça cair.

E quem despencou também foi o garoto, pois não acreditava que seria capaz de tamanho absurdo. Aproximou-se e viu o pardal inerte no solo, aquela imagem lhe atingiu em cheio o coração, não desejava aquilo, só estava brincando e a brincadeira agora estava lhe machucando. Doía-lhe a alma e a angústia invadiu-lhe.

Em completo pânico, torcendo para ninguém presenciar a tragédia, pegou os restos mortais e colocou-os na caixinha de jóias de sua mãe - era o mínimo que poderia fazer, pensou. Dirigiu-se ao canto mais florido do jardim e lá realizou o sepultamento da vítima de seu doloroso ato.

Naquele instante lágrimas rolaram. Com tristeza e culpa em seu coração, marcou o local com uma pedra. Foi para casa, já que o café estava na mesa, era pão com margarina... ele adorava, mas naquela tarde a fome o abandonara...

sábado, 23 de julho de 2011

Inventando moda

Histórias de pai e filho

Por Gilrikardo


Clique na imagem para ampliar.

--Que negócio é esse aí pai?
--Um scanner.
--Prá que serve?
--Para copiar desenhos, imagens e textos.
--Posso copiar eu?
--Pode, vem aqui e coloca a cabeça neste vidro, deixa eu achar um pano para cobri-lo melhor.
--Paí, tá escuro aqui.
--Calma que já vai clarear e não se mexa até eu dizer, vamos torcer para a mamãe não chegar, se não adeus nossa brincadeira. Tá pronto aí, fica quieto e não se mexa?
--Tá legal pai, não vou me mexer.
--E... zássssssssssss... o resultado é a imagem acima.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Joinville não precisa aumentar o número de vereadores.





Clique na imagem para ampliar.
  
Esta é minha contribuição para uma causa que não tem sensibilizado a maioria das pessoas. E isso é muito triste, além de ruim. Pois a carga tributária cada vez maior sem a devida contrapartida. Cadê a saúde, a educação, a segurança... diriam nos planos particulares, nas escolas particulares e nas empresas de segurança particulares....

Para demonstrar o ânimo de total desaprovação aos interesses da classe dos vereadores, imaginei um outdoor abaixo-assinado, isto é, disponibilizar um outdoor onde o cidadão registraria seu desacordo com a proposta dos vereadores de elevar o número de vagas em Joinville, apondo o nome e número de docto qualquer... Imaginei a placa em local de fácil visibilidade e com uma escada e um pincel atômico disponíveis...

Fica aqui minha sugestão e se você conhece alguém capaz de financiar tal idéia... esteja à vontade. Não estou vendendo nada. Quem quiser utilizar a sugestão, está desde já totalmente autorizado, não precisa nem comunicar-me. 

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Platônico*

Há muito queria retornar àquele local. No entanto, a vida anunciava-me a incoerência de meus desejos. Ali não era adequado a mim, mesmo assim, insistia em dar voz aos meus impulsos. Naquele ambiente iluminado pela presença dela, sentia-me acelerado, em total descontrole, deixava-me ávido a emoções. Acendia-me. Como  me deixei seduzir assim! Como não percebi que a freqüência em partilhar tais momentos envolveram-me em um bem querer!

Cada minuto juntos, bastava o tempo de espera em revê-la. Poderiam passar dias ou semanas e aqueles minutos eram suficientes para manter-me aceso, cheio de esperança pelo próximo encontro. Era quando nossos desejos se cruzavam e a minha presença era justificada. Nem gestos, nem palavras, somente olhares dizendo eu aqui e você aí. A vida nos ditando as regras que nossos corações teimavam em ignorar.

Permaneço passível diante de teu olhar... é tudo que me resta, além de sonhar e imaginar que bom seria se fosse diferente!

A mim
cabe a alegria que o coração determina ao te querer;
cabe a tristeza da paixão que não vai nos acolher.

A mim
restam pedaços,
restos platônicos
desejos
em meu coração!
Eis a vida...

*Amor platônico (Ligação amorosa sem aproximação sexual)

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Nas ondas da rádio

O que seria de minha formação sem o rádio? Impossível imaginar, pois há muito tempo é companheiro insubstituível. Lembro-me de aos domingos, próximo das onze horas da manhã ficar colado ao velho receptor de meu pai (ainda no tempo das válvulas) curtindo as histórias e as brincadeiras do palhaço carequinha. Para mim, que conhecia o mundo somente até onde meus olhos alcançavam, ouvir aquele programa era romper fronteiras e imaginar que o horizonte estava mais além. Dessa forma alimentei meus pensamentos. Eram emissoras como a Cacique de Lagoa Vermelha RS, Fátima e Esmeralda de Vacaria RS, Gaúcha e Farroupilha de Porto Alegre RS e as nacionais Tupi, Record, Nacional entre outras que proporcionavam às primeiras impressões do mundo. Através desse feliz hábito, fomentei em mim o espírito aventureiro que me levou a rodar um bom pedaço do Brasil; vivenciar as mais diversas situações e, sempre que possível, com o radico dando gás aos pensamentos.

(inclusive agora, lá ao fundo, meu velho companheiro continua a "resmungar")

Hoje, passados mais de quarenta anos, vieram a TV, o videocassete, a internet, o DVD, as televisões a cabo e nada disso comprometeu minha paixão pelas transmissões radiofônicas. Se antes, o rádio apontava fronteiras, descrevia com palavras e sons o que a internet ou TV nos dá com imagens; hoje cativa ao nutrir em mim o sentimento comunitário aliado a crença de que as soluções e os principais personagens da nossa história estão muito próximos, às vezes até em nosso bairro. 

Dentre as atrações, citaria aquelas onde a participação do ouvinte é estimulada. Servindo assim, para aguçar a urbanidade, além de lapidar as práticas de cidadania. Pois, em certas ocasiões, acreditamos que nossa opinião é a voz una  da verdade absoluta ou impossível de mudar; quando então, confrontados com os argumentos de nossos semelhantes através das ondas do rádio, não raras vezes, admitimos que precisamos melhor avaliar nossos conceitos sobre determinado tema. Dessa maneira tenho aprendido a respeitar com maior consciência a diversidade, além de avançar como pessoa.

Enfim, através do rádio nos é permitido compartilhar princípios que contribuem para a formação do indivíduo parceiro da comunidade.
                                               

terça-feira, 19 de julho de 2011

Por que será?

Há muitos anos que a tal reforma política está na pauta e nunca germinou, agora parece que vai sair do papel devido à pressão política (partidos que perderam terreno e através dela pretendem recuperar-se) quanto a popular.

Quando se fala de reforma os ingênuos, dentre eles o povo em sua grande maioria, logo se sentem privilegiados. Respiram aliviados, imaginando que as velhas práticas de poder vão dar lugar a maior justiça e igualdade ao tratar nossa democracia. Ledo engano, o que se vê, no ensaio que anda por aí em termos de reforma política, é que o coronelismo ainda está arraigado entre os nobres políticos. Tão natural que nem disfarçam suas pretensões de eterno poder, é o caso da tal lista fechada de candidatos proposta para ser uma reforma na maneira de votar. Não precisa ter muitos neurônios para entender o significado dessa lista que será apresentada pelo partido – quais critérios utilizará?

Ora, se vivemos em um país onde o dinheiro é considerado o maior valor tanto moral quanto material, a prática coronelista dentro dos partidos será o maior critério a conduzir as referidas listas. Em outras palavras, os partidos se tornaram propriedades de meia dúzia de sedentos pelo poder e através de suas mãos é que teremos nossos destinos desenhados. Pratica defendida pelos caciques da nossa política - por que será?

O voto distrital cuja implantação seria de grande valia para o povo, pois estaríamos mais próximos, acompanhando as ações do parlamentar, está sendo repudiado pela maioria dos caciques da nossa política – por que será?

E o financiamento público de campanha? Mais uma mordomia para a turma que além do famoso caixa dois agora pretendem locupletarem-se com o caixa três.  Idéia defendida ardorosamente pelos caciques da nossa política -  por que será?

E a mim, miserável eleitor, que oportunidades de participação nesse processo é dada?  Resta-me a tristeza de mais uma vez na arquibancada e de joelhos rezar por um milagre que nunca virá - por que será?

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Precisa-se de jovem para exercer as atividades de auxiliar de serviços gerais

Após ler o anúncio classificado, candidatei-me à vaga, e durante a entrevista perguntaram-me quais eram as experiências anteriores, respondi-lhes que eram as advindas da escola, pois este seria meu primeiro emprego. O gerente olhou-me com certa tristeza e disse-me que infelizmente pela falta de currículo eu não estaria apto a desempenhar a referida função. Saí dali imaginando onde conseguiria prática de auxiliar de serviços gerais.

De lá para cá, décadas se passaram, e durante esse período entendi o valor que o mercado de trabalho dá à experiência. Onde quer que a gente vá, e às vezes nem é procurando vaga, mas apenas informações... lá vem a clássica: cadê seu currículo???.

E não é somente para obter um emprego, é útil em financiamentos, preenchimento de certos cargos, no alto escalão inclusive com sabatina, como a escolha do presidente do Banco Central, etc.

É inegável a garantia proporcionada pela Carreira de qualquer pessoa neste planeta. Ainda mais nos dias de hoje, com os avanços tecnológicos e a globalização, quando somos exigidos aos extremos. É curso disso, graduação naquilo, fluência em mais de uma língua, inteligência emocional, intelectual, rede de contados, ética, capacidade de liderança, forte desejo de crescimento... e por aí vai. A grande maioria já internalizou esses conceitos e aceita como pratica natural em nossa sociedade.

Diante disso, é legítimo perguntar porque os candidatos a cargos eletivos em nosso país ficam livres de tais exigências.

De acordo com a Constituição Federal, são condições de elegibilidade, na forma da lei: brasileiros, alfabetizados, pleno exercício dos direitos políticos; alistamento eleitoral; domicílio eleitoral na circunscrição; filiação partidária e idade mínima de acordo com o cargo pretendido. Não menciona necessidade de formação ou especialização  alguma, diante disso, a nossa experiência de mercado nos remete ao partido político, é dali que surgem os escolhidos. Então cabe a indagação:

Qual o Curriculum Vitae exigido pelo partido para qualificar o pretenso aspirante?

Ainda não obtive a resposta, é por isso, que a cada pleito encontro dificuldades em determinar meu voto ou filiar-me a este ou aquele partido. Apesar de utilizar os mecanismos de avaliação oriundos da livre iniciativa, cuja prática mostra-se ao menos produtiva, ainda não consegui resultado similar. Talvez devido aos critérios obscuros no lançamento de candidatos que prometem e prometem; agem como especialistas em futurologia cujas realizações serão possíveis depois de ganhar, inclusive comprometendo-se com tarefas que nem lhes é função (desconhecem até as alçadas do cargo que almejam). Não me surpreenderia se tais pretendentes apresentassem seus Currículos na iniciativa privada e que alguns conseguissem preencher tão-somente a vaga de auxiliar de ........ ............

domingo, 17 de julho de 2011

Lady Gaga e Cia.

Dia desses alguém perguntou qual o critério que utilizo para escrever sobre isso ou aquilo. Não existe critério, disse-lhe. No entanto, poderia dizer que é a impressão que me causa determinado fato. Ou pelo conteúdo que existe em mim surge um choque de conceitos, pré-conceitos ou simplesmente preconceitos.

Por exemplo, existem três cantoras brasileiras que me surpreenderam pela maneira que utilizam para entrar nas paradas mundiais. Ivete, Claudia Leite e Vanessa de uns tempos para cá parecem cópias mal acabadas das estrelas internacionais Lady Gaga e Cia...

Nenhuma das ditas divas brasileiras preenche meu gosto musical, alguma até simpatizo, mas de resto as tenho na coluna que não me faz falta. Então meu comentário é somente sobre aquilo que escuto no radio e na tevê ou leio nas manchetes de jornais.  Em minha humilde opinião elas estão subestimando a cultura americana, o poder de fogo do show business americano e o que é pior, subestimando o público americano cuja cultura nada tem a ver com a nossa... para minha compreensão isso é gritante e parece que não vai rolar...

Escrevi tais linhas para responder àquela pessoa que me perguntou como encontro motivos para escrever.

sábado, 16 de julho de 2011

Dica de leitura > Nélson Jahr Garcia

Conheci seu trabalho em minhas garimpadas pela internet. Falecido em 2002 e cuja obra permanece disponível àqueles que acreditam no poder da leitura. 

http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/nelsonjahrgarcia.html
http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/manipulacao.pdf

(abaixo texto extraído da obra Comunicando Comunicação)

APRESENTAÇÃO
Nélson Jahr Garcia nos deixou, numa manhã nublada de 6 de novembro de 2002. Mas, antes de se ir, deixou este mundo um pouquinho melhor. Em pouco mais de meio século, viveu uma vida plena. Plantou suas árvores, escreveu seus livros, deixou uma filha amada. Nos milhares de alunos aos quais transmitiu seus conhecimentos e ensinou a perguntar, sua obra prossegue. Nos livros que pacientemente escaneou e colocou na internet à disposição de todos, continuou, de seu recanto em Atibaia, a trazer mais luzes a um país tão carente delas. Se Shakespeare hoje está disponível na internet em português, obra do Nélson. E não foi só Shakespeare... Dizia-se um lobo solitário, mas nunca um lobo teve tantos que o quisessem acompanhar. Dele se pode dizer o que de poucos hoje em dia se pode: foi fiel a si, aos seus amigos e aos seus sonhos.


Nélson Jahr Garcia por ele mesmo
Nélson Jahr Garcia, esse o nome sob o qual fui registrado e batizado em outubro de 1947. Fiz Primário, Secundário e Colegial em escola pública. O ensino oficial era sério, os professores, respeitados, viviam com dignidade. Veio o vestibular, fui aprovado para a Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Glória para mim, orgulho para a família, inveja entre certos vizinhos. Advoguei por quase uma década e, ao mesmo tempo, ingressei no magistério superior. Lecionei em várias unidades da USP, principalmente na ECA, e em algumas Faculdades particulares.


Na ECA matriculei-me em Pós-Graduação, fui aprovado e conclui mestrado e doutoramento. Especializei-me em comunicação persuasiva e propaganda ideológica. Valeu, aprendi, além de teorias gerais, propaganda, relações públicas, jornalismo, cinema, televisão, um pouco de artes plásticas. Além disso, consegui superar um pouco do espírito barroco e burocrático que a Faculdade de Direito me havia incutido. Escrevi cinco livros, três em papel e dois eletrônicos, sem contar centenas de artigos e crônicas. Há três anos sou cronista de O Atibaiense, o maior e melhor jornal desta cidade.


Apaixonado pela Internet, criei este site dedicado à comunicação persuasiva, inclusive reproduzindo obras clássicas relacionadas direta ou indiretamente ao tema. Todas as obras são de acesso gratuito. Estudei sempre por conta do Estado, ou melhor, da Sociedade que paga impostos; tenho a obrigação de retribuir ao menos uma gota do que ela me proporcionou.



MESTRES, ALUNOS, PAIS. (publicado em 11.05.2002)
Não se pode generalizar, claro. No Brasil, porém, grande parte dos professores são despreparados, os estudantes preguiçosos e os pais coniventes. A incapacidade dos professores se deve aos salários insignificantes. Não podem comprar livros, não dispõem de computadores para pesquisar, ministram dezenas de aulas mensais para ganhar o mínimo necessário à sobrevivência.
    
Os alunos, frutos de árvores deformadas, não querem ler, estudar, fazer trabalhos ou provas. Perdem a motivação frente a professores desinteressados, ambiente escolar péssimo em que falta tudo, prédios insuportavelmente quentes no verão e rigorosamente frios no inverno, número excessivo de alunos nas salas. Além disso, muitos se originam de famílias que têm pouco ou nenhum grau de instrução. Chegam à escola como pedras brutas que só um professor milagroso poderia burilar. Parecem preguiçosos, e são realmente.
    
Os pais, primeiro elo na corrente da educação, costumam cometer erros terríveis, mesmo sem intenção. Todo pai (ou mãe) tem ou teve sonhos que não pôde realizar, especialmente estudar e formar-se, ter um diploma (muitos dizem "deproma"). Transfere essas e outras fantasias para os filhos que não vivem e, talvez, jamais viverão a mesma realidade e, portanto, não vão nutrir as mesmas ilusões. Resultado: os jovens são obrigados a viver em função de objetivos que não são seus.
    
Os que vêem seus filhos como concretização de suas ambições pessoais acabam por transformá-los em símbolos de um status que não possuem. Jovens, na voz dos pais, passam a ser inteligentes, bons alunos, ágeis, ótimos desportistas, fortes. Os parentes e amigos ouvem com desconfiança, silenciam por respeito. Manter o status dá trabalho e custa caro. Ensinar o que não entendem, fazer trabalhos escolares (geralmente de forma desastrosa), pedir ou pagar para que outros os façam, contratar professores particulares,

Durante vários anos desenvolvi um site na Internet. O objetivo principal era divulgar, gratuitamente, livros importantes que, ou estavam esgotados ou custavam muito caro. Desanimei. Inúmeros emails, enviado por estudantes ou seus pais, pediam resumos de obras ou até informações que me exigiriam fazer trabalhos escolares inteiros. Em certo período recebi vários pedidos de resumo do livro A Revolução dos Bichos de George Orwell. Ora, é um livrinho que, na edição de bolso, tem 87 páginas. Resumir o quê? A verdade é que os professores erram ao pedir resumos, os alunos precisariam ler as obras inteiras e os pais não deveriam apoiar os filhos relapsos. Um fato é indiscutível, quando os pais não lêem freqüentemente, não têm livros em casa, os filhos adquirem uma certa ojeriza pela leitura e quem não lê, não pode ser bom estudante.
    
As conseqüências desse quadro são graves. Primeiro o precário nível educacional do país que, se não é o pior do mundo, beira o quase. Repetência não é séria, a maioria dos professores não reprova, isso significaria ter o mesmos alunos à sua frente, no período seguinte.
    
As desistências sim, preocupam. O jovem não agüenta mais a escola, resolve abandonar. Nada pode dizer aos pais que parecem sentir orgasmo quando falam do maravilhoso desempenho escolar de seus filhos. Saem a perambular pelas ruas, correndo todos os riscos. Fui professor e diretor de Faculdade durante duas décadas; cansei de conversar com estudantes que pretendiam desistir do curso, uns no começo outros ao final. Afora os casos de dificuldades para pagar as mensalidades, a maioria pretendia sair porque não gostava do curso, que só escolheram porque os pais queriam. Qualquer mudança no sistema educacional exigiria interferências sobre os professores, alunos e pais. Não há perspectiva positiva, senão a longo prazo; se começarem algum dia.

Mais uma opinião sobre o professor:

sexta-feira, 15 de julho de 2011

O tudo e o nada

Quem me conhece de perto, talvez já percebeu que aparecer ou vangloriar-se de algo é vaidade que não me pertence. Relevo isso para contar um inusitado fato envolvendo eu e minhas amadorísticas atividades literárias. Desde então, não dou autoridade a quem quer que seja para avaliar meus escritos, também não participo de concursos e coisas do gênero (grandes marmeladas - vide academia brasileira de letras). 

Faço desta labuta meu direito de preservar a individualidade - árduo intento em meio a tanta hipocrisia. Mesmo assim, levo adiante este projeto que tem por objetivo o NADA e por isso tem TUDO. Isso quer dizer que no exercício de minhas faculdades, ao tempo que através de tais argumentos, crio oportunidades ou sugestões de como lidar com o ócio. Para mim tem sido simples assim,

em cada canto
um espaço
em cada espaço
uma chance
uma cada chance
uma escolha
em cada escolha
um sim, um não.

Isso para dizer que certo dia, por insistência de amigos pretendendo fazer o bem, levei minhas escritas para serem avaliadas por alguém ligado à secretaria da educação e cultura. Após alguns dias, recebi como resultado, uma observação que merece este registro.

Pois não é que a dita especialista em literatura, recomendou para eu tomar cuidado e evitar plágios na internet. Ingenuamente imaginei que se referia a alguém estar copiando meu material, ao que respondi não ligar, aliás me sentiria até lisonjeado. Mas para minha surpresa, espanto, perplexidade, indignação... a literata sugeria que eu era quem andava copiando coisas da internet. Eu é quem deveria tomar cuidado com acusações de plágio!?!?

Hoje tenho tal evento como uma das melhores avaliações que já recebi pelas minhas letras.

Post scriptum: Este caso é o exemplo do risco que se corre ao ser avaliado por especialistas. Fica o alerta aos ingênuos de plantão.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Chifre em cabeça de cavalo

Ao escrever sobre qualquer assunto, imagino alguém a interpretar meu relato. Como acontece em resenhas, resumos ou simples crítica onde se tem a impressão de que tudo deve ser interpretado e não simplesmente lido. Ora, se estou escrevendo e digo com todas as letras que meu desejo é escrever “GOSTO DE VOCÊ”, porque haveria de interpretar. O que significa nesta hora eu dizer que gosto de você?

Para eu dizer gosto de você é manifestar uma opinião e só. Gosto de você e pronto. Como haveria de significar este gostar de você. O que eu diria com esse gosto de você... Hummm já sei... esse gosto de você é um perigo... como gostar de alguém que não se conhece... hipocrisia... Não é você o leitor... o você é alguém de meu círculo... talvez pela falta de complemento gerou a confusão. Vamos reescrever... GOSTO DE VOCÊ MEU AMIGO... e agora, está claro ou precisamos interpretar?

"Você é meu amigo... juntos fizemos história, e ainda temos muitas para fazer... gosto de sua companhia e das conversas que jogamos fora."

E agora, interpretar o quê? Para mim ficou claro que é só ler. Então leia, e deixe as interpretações para quem busca chifre em cabeça de cavalo.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Memórias dum diletante

Capítulo I - O início


Ao entregar o lanche, percebi que o cliente estava centrado numa leitura, atendendo apelos de minha curiosidade, perguntei-lhe se gostava de literatura e qual era o assunto. Acenou-me que sim e virou a capa para mostrar o título que reluziu em grandes letras douradas: "Aquilo que os anjos fazem por você". Logo abaixo anunciava tratar-se de uma obra sobre auto-ajuda. Imaginei serem aquelas escritas para, após entusiástica lida, transformar a vida de qualquer um a qualquer momento em qualquer coisa. Com certa dose de ceticismo, resmunguei que se existe ajuda é para quem vende o livro, de resto não tive ainda a felicidade de conhecer alguém cujo destino tenha sofrido alterações de forma tão fácil como se apregoam em tais publicações. Soltei um suspiro irônico e voltei para as atividades de auto-ajuda no dia-a-dia da lanchonete que herdei da família de meu antigo patrão cuja passagem deu-se há dois anos. Dito presente acredito que me veio a título de gratidão ou indenização pelos vinte anos de serviços ao velho Domingos.


Esta atividade rende-me a sobrevivência, apesar de certas dificuldades, pois além de nunca ter almejado atuar nesta área, jamais imaginei que algum dia seria um patrão e muito menos proprietário de alguma birosca. Ainda assim, sou grato à vida que brindou-me a garantir o pão, bem como me guiou rumo à simplicidade cuja isenção de certos supérfluos ameniza o peso da jornada. É nesse pequeno mundo que cumpro meu destino, desde as seis horas da manhã até as dez ou onze horas da noite, durante seis dias por semana, quando desempenho os papéis de atendente, cozinheiro, lavador de louça, comprador, pagador de contas e tudo mais que se fizer necessário. Tenho ainda dois ajudantes, o Netinho que serve para qualquer tarefa e a não menos importante e competente Jurema, cozinheira e responsável pela organização do local. Uma negra linda de fazer inveja a muita gatinha... confesso nutrir certa admiração, no entanto resguardo-me, pois onde se ganha o pão não se come a carne. Atitude cultivada através da convivência com a ótima formação do velho Domingos, um português direto dos Açores que aqui viveu mais de cinco décadas, dentre as quais, aquelas que me deram o privilégio de compartilhar de sua experiência e conhecimento, além do gosto pelos livros cuja coleção conservo a sete chaves.

 

Sinto-me atrelado aos limites da qualidade da clientela que aprendi a cultivar através dos bate-papos sobre futebol, política, história, literatura, entre outros. Tais momentos refletem a perfeita camaradagem. Um genuíno ânimo democrático que se traduz na devoção dos companheiros da mesa seis. Recanto recheado de acaloradas discussões que transformam seus membros em verdadeiros e eloqüentes especialistas em resolver os problemas dos demais seres do planeta, desde que os conflitos pessoais fiquem fora das análises, aliás comportam-se como se não enfrentassem qualquer adversidade. Isso tem sido bom, pois acredito que tal alienação tácita envolvendo as individualidades contribui para a atmosfera simpática e de agradável convivência onde inexistem ataques ou críticas, mas sim o desejo de palpitar... evita-se dessa forma alguma desavença entre os integrantes cujos encontros no final da tarde até eu determinar se vou além das onze horas, casos que acontecem quando acompanhado de meu chimarrão resolvo contribuir na resolução das equações gerais. Não existem fronteiras para nossas rodadas, vamos desde o vizinho que resolveu mudar a cor do carro porque seu time entrou pelo cano até o pistoleiro presidente americano e suas peripécias no Iraque.

Não existe situação insolúvel para os companheiros da mesa seis cuja composição atual conta com seis elementos, por isso mesa seis. Já foi mesa cinco, mesa sete, lá nos tempos do velho Domingos, quando iniciou-se o ritual, eu e o velho formamos os palpiteiros da mesa dois. No último encontro reuniram-se quatro aliados, sem contar a minha presença facultativa, pois depende do fluxo de clientes e de meu interesse pelos assuntos do dia. Ops! parece que o pessoal está a chegar.

--E aí Portuga tá pronto prá jogar conversa fora hoje, aproveita e manda uma daquelas de latinha.
--Hoje só tem esta “marca diabo”, isto é, ninguém sabe de onde veio, serve?
--Manda, o primeiro gole é diferente, depois é tudo cerveja.

Esse é o Jordão, um negrão de dois metros de altura por três de largura, fisicamente mete medo em qualquer desavisado, entretanto trata-se de um doce de pessoa, empregado de uma multinacional ligada à indústria química, de boa conversa, excelente comportamento, defensor das minorias e dos excluídos, pois segundo sabemos, vem de origem miserável, condição que não lhe impediu de formar-se em administração e hoje ocupar um cargo na alta gerência.

--Chegou cedo negão?
--Negão é teu passado, por gentileza, meu nome é Jordão!
--Tá legal! Pelo jeito teu time "entrou pelo cano" ontem?
--Não é isso, é que lá na empresa vieram com uma conversa de reengenharia nos cargos. Como sou vacinado para não dizer "preto" e conhecedor das artimanhas que cercam essas “renovações, receio estar na marca do penalti.
--Isso é problema teu, você bem sabe que aqui nós evitamos comentar a vida pessoal dos integrantes da mesa, tem sido assim desde os tempos do velho Domingos, então continuemos com a tática vitoriosa.
--Obrigado por refrescar minha memória, afinal aqui é para “relaxar” e não chorar pitangas. Dá outra “marca diabo”, o primeiro gole desceu rasgando, agora tá um veludo... eheh

Enquanto o negão, aliás o Jordão esquentava a cadeira e lançava a gelada goela abaixo, voltei ao atendimento do balcão, hoje parecia um dia atípico, talvez pela proximidade do décimo, o pessoal tava gastando mais que nos outros dias. Seguia servindo os clientes e vez por outra dava uma conferida na mesa que abrigava somente o Jordão e suas reflexões. Combinamos que não nos envolveríamos em problemas pessoais, mas é impossível não ficar sensibilizado, nem que seja em pensamentos. Assim, torcia para que o Jordão superasse a fase ruim, já havia percebido há semanas que andava apreensivo. Suas gargalhadas já não soavam tão elevadas e suas piadas ficaram sem sal, imaginava que algo havia e hoje tudo clareou. Pedi para a Jurema preparar uma porção de aipim e bacon fritos para a mesa seis, pois o segundo integrante estava tentando atravessar a rua.

Era o não menos querido “Calmon”, um ourives que mantinha sua oficina em casa, fabricava anéis, pulseiras, entre outros artefatos em ouro e prata. Às vezes, chamava-o de Tostines, em alusão aquela propaganda de biscoitos: tostines é fresquinho porque vende mais ou vende mais porque é fresquinho. Era para sugerir o trocadilho: Calmon é marcha lenta porque é ourives ou é ourives porque é marcha lenta. Em virtude de sua tranqüilidade quase absurda, nada parecia abalar aquela estrutura, sempre com o mesmo semblante, um conservador que não acreditava em mudanças, revoluções entre outros movimentos. A nossa brincadeira não lhe afetava, pois nunca reclamou. Sua bebida predileta era soda limonada com suco de limão e muito gelo, não suportava qualquer bebida alcoólica, nem por isso deixava de freqüentar a mesa cujo espírito democrático abrigava correntes de todas as cores, vícios e virtudes.

--Boa noite seu Calmon, além da soda deseja mais alguma coisa?
--Sim, pede para a Jurema preparar aquelas torradas com manteiga e alho que só ela sabe fazer.
--Tudo bem e cuidado com o Jordão, hoje ele está muito sensível, prá não dizer "puto da cara".

Voltei-me para o atendimento da galera que não parava de chegar; era dois "real" de bala, um picolé, dois "pastel" e um "refri", um cafezinho, e assim por diante. Aproveitei um intervalo e levei o jornal para a turma da mesa que agora já incluía a presença do Bigode,  um publicitário cuja paixão em debater os temas políticos ia as raias da loucura. No fundo era um grande sofredor, pois suas criticas às mazelas do nosso sistema incluíam de igual maneira a nossa condição de impotentes para realizar alguma mudança e quem sabe amenizar o impacto do abismo que separa o governo do povo. Seu vício era o cigarro, beber não era com ele, assim acompanhava o Calmon, soda com suco de limão, torradas e picles.

--E aí Bigode, já pedi para o Netinho preparar o de sempre, ok?
--Eu quero suco daquele limão verde, não me apareça com o amarelo que mando de volta.
--Já captei a mensagem gafanhoto...heheheh

Existia um clima de camaradagem inexplicável entre nós, eu ali servindo aquela mesa com prazer, sem considerar que era meu trabalho e que naturalmente cobrava. Servi-los ultrapassava em muito a simples relação comercial. Era manter aquele elo cujas cores davam brilho à minha existência, pois na presença deles encontrei muita inspiração, além de muito discernimento para entender a natureza humana, incluindo a minha. Momentos que registrava nos textos idealizados em minhas horas de lazer. Passagens que me afetaram ao freqüentar a mesa seis, algumas pelo significado político outras pelas atitudes humanas sugeridas. Adquiri esse hábito através do velho Domingos que em dias de baixa temporada ou quando lhe gritava a inspiração, pegava um caderno e punha-se a preenchê-lo com as impressões do cotidiano. Algumas vezes leu-as para mim, o suficiente para contaminar-me, assim aprendi os prazeres de um lazer barato.

Lá vem nosso radialista, o Pedroso, grande figura, admirado por todos e em especial por mim, pois diariamente, enquanto ajudo a Jurema lavar a louça após o almoço, acompanho seu programa. São preciosos momentos de reflexão sobre os variados temas que envolvem a participação do ouvinte.

--Boa noite Portuga. - sorrindo Pedroso.
--Buenas meu caro! Vai querer aquela cervejinha ou hoje é água mineral?
--Água mineral é natural e não faz mal...eheh
--E para acompanhar, algum petisco?
--Camarão ao bafo.
--Por falar em camarão, quando vou lá naquela peixaria e digo que sou ouvinte do teu programa o pessoal trata-me tão bem que chego a passar mal... que moral a tua hein!
--Não exagera! - encerrou Pedroso.

Ao entregar a água para o Pedroso, aproveitei para bisbilhotar o que estavam conversando. Parecia que o assunto girava em torno das atitudes de nossos velhos e conhecidos políticos. Imaginei que a conclusão seria nenhuma, pois sai dia, entra dia, sai político, entra político, e o quadro permanece ao gosto de quem detêm o poder. Fácil dedução. Isso não elimina nosso constante esforço em buscar alternativas visando equilibrar o jogo de interesses que envolvem a sociedade. Nessa luta, o melhor que conseguimos até aqui, foi o sentimento de frustração - murmurou o Jordão. Na seqüência os demais impingiram aos membros da classe política toda a sorte de conceitos; indo do egoísmo alucinado até a capacidade de transformar mentiras em verdades aos olhos dos incautos. Deixei-os em suas questões e voltei-me as tarefas de bodegueiro, sem antes anotar algumas palavras que me incomodaram: frustração e crítica violenta aos políticos. Esses termos ficaram viajando em meus neurônios durante o resto da noite enquanto preparava-me para encerrar as atividades.

--Aí gurizada medonha... vamos encerrar o espetáculo?
--Tá bom! Anota tudo na minha conta - respondeu o Jordão.

Foi uma gritaria geral, ninguém concordou com aquilo, no entanto o Jordão continuava insistindo, perguntei-lhe o motivo de tamanha teimosia em pagar a conta. Levantou os dois metros da cadeira e timidamente relatou que hoje era seu aniversário. Após um breve parabéns e cumprimentos de todos, a turma retirou-se.

Baixei as portas, apaguei as luzes e subi pela escada caracol até o andar de cima onde era o meu lar. Nos tempos do Domingos a parte superior era uma quitinete que servia aos moradores do bloco, até o dia em que ele comprou e transformou-a em depósito, além de providenciar-me modestas acomodações que me abrigam há mais de quinze anos; as instalações são simples, cama, banheiro, guarda-roupa, mesa e duas cadeiras e o meu maior tesouro, um velho baú com variadas obras que acompanharam o velho português desde sua terra natal e que hoje compartilham minhas horas de lazer.

Ajeitei-me em busca do sono, após alguns minutos de rola prá lá, vira prá cá, percebi que meus neurônios ainda replicavam os termos oriundos dos acalorados debates entre os integrantes daquela noite. Conhecendo-me, levantei e iniciei meus relatos. Já estava habituado com esta ansiedade. Eram as idéias gritando para pularem para o papel. Aí então, aliviava-me, pronto para a próxima. (FIM do Capítulo I)

terça-feira, 12 de julho de 2011

Revolução na cozinha

Histórias de pai e filho

Por Gilrikardo

REVOLUÇÃO NA COZINHA

Explicava ao meu filho de seis anos como encontramos inspiração. Tal como alguém que escreve por gosto e não por ofício ou obrigação, o melhor argumento foi desafiar-me e dizer-lhe que relataria uma história ocorrida ali onde estávamos. Frisei que através da imaginação e das palavras temos o poder da criação. E assim foi escrito a revolução...

A geladeira sentindo-se a tal, gritou:

--Hei seus molengas!! Vamos dar as ordens a partir de hoje! Chega de me sufocarem com porcarias, aliás ultimamente o negócio anda tão fraco que nem isso têm. Só essas camadas de gelo que me deixam mais cansada. Basta! Chega desses adesivos na minha porta... esses enfeites de criança... e aquele gurizinho que vem aqui de cinco em cinco minutos e bate a porta.. arghhhhh! E a dona Maria então! Acha que sou prateleira ou armário, empilha um monte de bugigangas em cima de mim... desse jeito fico cansada! Estou aqui para ser uma conservadora... conservar alimentos é a minha utilidade.

Após esse breve discurso, todos na cozinha manifestaram-se. O fogão resmungou que suas bocas estavam precisando de tratamento, precisava de um "dentista" ou algum especialista para deixar seu sopro em dia. Estava descontente com a maneira grosseira que lhe davam banho, pois em cada lavada era um pedaço que lhe subtraiam. Botões que soltavam, grades que não se encaixavam mais, além de utilizarem-no como porta trecos. Não gostava de sentir a cafeteira sobre a tampa, muito menos lhe atulhar o forno com "apetrechos" que não eram dali.

A mesa reclamou que estava com reumatismo, pois suas pernas estavam doloridas e por isso mancava, não conseguia manter o equilíbrio. A pia chegou muito indignada com a sujeira que faziam com ela... era pedaço disso e daquilo, viravam óleo, alho, sabão e jogavam as panelas de qualquer jeito.

Ademais o que a deixava muito incomodada eram aquelas formiguinhas entrando e saindo de seu interior. Eta bichinhos irritantes e ninguém faz nada, esbravejava ela.

A geladeira retomou a palavra e sugeriu:

--Vamos fazer uma greve? A partir de hoje não vou mais conservar... que tal?
--Acho que não é uma boa idéia – disse o fogão – eles vêm e trocam você por outra ou lhe mandam para o "hospital".
-- Então o que faremos? – exclamou a mesa.

Silêncio geral. Por alguns minutos nada, a não ser o ronco do coração da geladeira... bbzzzz. Até que ouviram um snif... snif... bem baixinho vindo do canto, era o banquinho perna torta. Ele estava todo dolorido, inventaram que deveria suportar o jarro de água e a batedeira, mais de vinte quilos e suas perninhas já não agüentavam mais. Gemendo de dor, sugeriu que alguém fosse até o quarto do garoto que dormia e soprasse em seu ouvido todas as queixas da turma. Quem sabe, mesmo dormindo, seria sensível à causa e porventura tomaria alguma providência.

--Quem irá até o quarto dele? - perguntou o fogão.

Silêncio novamente. Até que ouviram a lagartixa que estava próxima da lâmpada dizer que sentiu-se comovida, portanto seria a portadora da mensagem. Lá se foi e após alguns cochichos voltou gritando:

-–Missão cumprida pessoal!

Raiou o dia, a mãe ao chegar na cozinha surpreende-se ao ver o garoto acordado tão cedo. Ali, na maior animação, com um martelo consertando as pernas do banquinho, retirando os adesivos da geladeira  e espantando as formigas. E lá na fresta, bem quietinha, a lagartixa observava tudo.