sábado, 22 de outubro de 2011

Penso, logo voto nulo

Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. (Eclesiastes 3:1)

E o meu tempo de escolher candidatos encerrou-se. Foram três décadas de grande empenho e entusiasmo ao votar naqueles que de alguma forma estariam alinhados ao meu pensamento. Foram igualmente três décadas de grande desilusão e desencanto, pois quase todos aqueles, raríssimas exceções, que imaginei éticos, coerentes, dignos ou honestos, cedo ou tarde deixaram cair a máscara e revelaram o egoísmo, a ignorância, a demagogia, a hipocrisia e o corporativismo alucinado como fiéis ingredientes na realização de suas ambições pessoais em detrimento do legítimo papel em prol do bem comum.

Em três décadas de eleitor, perdi a conta dos empreendedores, comerciantes, negociantes, trabalhadores avulsos que foram a nocaute ou "quebraram" diante dos inúmeros obstáculos e das crises econômicas existentes em nosso meio. Foi quando senti o cheiro do sangue e das lágrimas de pessoas calejadas tentando simplesmente caminhar, enquanto lá em cima, na classe da oligarquia política, em meus trinta anos de eleitor, nunca houve crise. Os ganhos, as verbas disso e daquilo, as leis garantindo benesses e distorções criadas em benefício próprio. Elevam essa categoria a imunidade de crise, seja qual for, é o passaporte para a felicidade terrena, onde a conta do privilégio para poucos resulta numa carga pesada para todos.

Então, em respeito a mim, à minha dignidade, resolvi não me envolver com questões insolúveis. Partirei em busca de aproveitar melhor o tempo que era reservado para acompanhar as ações dos vendedores de sonhos. Basta. Minha motivação para tal propósito esvaiu-se e o meu voto daqui para frente será NULO como nulas foram as promessas nas quais acreditei nos últimos trinta anos.

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