sábado, 6 de agosto de 2011

O futuro é presente do passado

Em meus tempos de guri, lá no Rio Grande do Sul, Coréia era sinônimo da origem de bugigangas baratas, sem qualidade nem garantia que circulavam pelas mãos de ambulantes. Por extensão também se utilizou para denominar o local menos privilegiado do estádio do Internacional, rente ao fosso que separava o campo da torcida. Era o ingresso mais barato, pois ali, além de permanecer em pé, a torcida virava alvo daqueles que estavam na arquibancada e arremessavam quaisquer objetos, entre os quais o famoso saco plástico com "xixi".

Lembrei-me disso ao deparar com a revista Superinteressante que apresenta a Córeia do Sul como o país que detêm o maior índice da população conectada à internet em alta velocidade (97%), na frente de países tais como Suíça (90%), Noruega (84%), Holanda (83%), EUA (75%) e o nosso Brasil (19%). A receita para tal desempenho é divulgada no mundo inteiro. Há cinquenta anos o país arrasado pela guerra, na miséria e essencialmente agrícola resolveu virar a mesa, isto é, mudar o rumo de seu destino e aplicou todas as fichas no seu maior patrimônio: as pessoas. E deu no que deu, uma das nações que mais cresceu nas últimas décadas, com altos investimentos em educação, ciência e tecnologia. Transformando-se em berço da Hyundai, Kia, Samsung, LG Eletronics e primeiro lugar na fabricação de celulares e monitores de plasma. O sistema de ensino situa-se entre os melhores do mundo (99% índice de alfabetização). Professores com salário inicial em torno de dois mil dólares e que facilmente dobra após dez anos de trabalho. Um povo em dia com o futuro.

E nós aqui convivendo num sistema viciado, repleto de distorções, abismos e contradições alimentado pela CARGA tributária que faria qualquer jumento quebrar as canelas. Um sistema que em pleno século XXI nos brinda com os discursos inflamados de políticos se vangloriando de que chegaram onde chegaram sem precisar estudar e que talvez por isso imaginam que todos devem se pendurar nas benesses do estado cujo reflexo democrático determina limites, pois é a voz da maioria. A mesma maioria que talvez nunca ouviu falar dessa tal "Coréia". É uma pena, pois parece que já estamos em débito com o futuro.

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