terça-feira, 17 de abril de 2012

Educação vem de berço, não é de hoje!

Gilrikardo disse: Vem de casa. Vem de onde deve vir, do pai e da mãe em primeiro lugar, sem eximir os demais membros da família, caso seja possível. Isso é praxe desde séculos antes de Cristo. E acreditar que dois mil e tantos anos depois, ainda existam pessoas insensíveis à causa da boa formação. Leia abaixo as primeiras palavras do legado do grande imperador romano Marco Aurélio - Meditações, é lição pura... é para quem deseja aprender... e não custa nada!

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"Se você se aflige com qualquer coisa externa, o sofrimento não é causado pela coisa em si, mas por sua própria avaliação a respeito; e isso você tem o poder de revogar a qualquer momento." - 
 
MARCO AURÉLIO

MEDITAÇÕES

Livro 1

1. A cortesia e a serenidade, aprendi-as eu, primeiro, com o meu avô.

2. A virilidade sem alardes, aprendi-a com aquilo que ouvi dizer e recordo do meu pai .

3. A minha mãe deu-me um exemplo de piedade e generosidade, de como evitar a crueldade — não só nos atos, mas também em pensamento — e de uma simplicidade de vida completamente diferente daquilo que é habitual nos ricos.

4. Ao meu bisavô fiquei a dever o conselho de que dispensasse a educação da escola e, em vez disso, tivesse bons mestres em casa — e de que me capacitasse de que não se devem regatear quaisquer despesas para este fim.

5. Foi o meu tutor que me dissuadiu de apoiar o Verde ou o Azul1, nas corridas, ou o Leve ou o Pesado2, na arena; e me incentivou a não recear o trabalho, a ser comedido nos meus desejos, a tratar das minhas próprias necessidades, a meter-me na minha vida, e a nunca dar ouvidos à má-língua.
 
1 As cores dos aurigários no Circo. O entusiasmo dos romanos por estas corridas não tinha limites; os vencedores ganhavam grandes fortunas e tornavam-se ídolos populares.

2 Num tipo de combate de gladiadiores (o “Trácio”) os contendores eram armados com escudos redondos leves; noutro (o “Samnita”) eles traziam escudos rectangulares pesados.
 
6. Graças a Diogneto3 aprendi a não me deixar absorver por atividades triviais; a ser cético em relação a feiticeiros e milagreiros com as suas histórias de encantamentos, exorcismos e quejandos; a evitar as lutas de galos e outras distrações semelhantes; a não ficar ofendido com a franqueza; a familiarizar-me com a filosofia, começando por Bacchio e passando depois para Tandasis e Marciano; a redigir composições, logo em pequeno; a ser entusiasta do uso do leito de tábuas e pele, bem como de outros rigores da disciplina grega.

3 Pintor e filósofo a quem Marco, ainda um rapaz de onze anos, ficou a dever os primeiros contatos com o estoicismo. De Bacchio, Tandasis ou Marciano nada se sabe.

7. De Rústico4 obtive a noção de que o meu caráter precisava de treino e cuidados, e que não me devia deixar perder no entusiasmo sofista de compor tratados especulativos, homilias edificantes, ou representações imaginárias de O Asceta ou de O Altruísta. Também me ensinou a evitar a retórica, a poesia, e as presunções verbais, os amaneiramentos no vestuário em casa, e outros lapsos de gosto deste género, e a imitar o estilo epistolar simples utilizado na sua própria carta a minha mãe, escrita em Sinuessa. Se alguém, depois de se zangar comigo num momento de mau humor, mostrasse sinais de querer fazer as pazes, devia mostrar-me logo disposto a ir ao encontro dos seus desejos.

Também devia ser rigoroso nas minhas leituras, não me contentando com as meras ideias gerais do seu significado; e não me deixar convencer facilmente por pessoas de palavra fácil. Por ele, vim também a conhecer as Dissertações de Epicteto, das quais ele me deu uma cópia da sua biblioteca.

4 Q. Júnio Rústico, um professor estóico que foi tutor de leis e amigo de Marco.


8. Apolónio5 convenceu-me da necessidade de tomar decisões por mim mesmo, em vez de depender dos acasos da sorte, e nunca, nem por um momento, perder de vista a razão. Também me instruiu no sentido de encarar os espasmos de uma dor aguda, a perda de um filho e o tédio de uma doença crónica sempre com a mesma inalterável compostura. Ele próprio era um exemplo vivo de que nem mesmo a energia mais impetuosa é incompatível com a capacidade de descansar. As suas exposições eram sempre um modelo de clareza; contudo, era claramente alguém para quem a experiência prática e aptidão para ensinar filosofia eram os talentos menos importantes. Foi ele, além disso, que me ensinou a aceitar os pretensos favores dos amigos sem me rebaixar ou dar a impressão de insensível indiferença.

5 Professor de filosofia que veio da Calcedónia para Roma. Quando Marco o chamou pela primeira vez ao palácio, dizem que ele respondeu, «O mestre não deve ir ter com o aluno, mas o aluno com o mestre.»


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