domingo, 3 de fevereiro de 2013

Mobilização

História rica, mas sem desenvolvimento

Cazuza Ferreira e Juá foram importantes rotas de tropeiros durante os séculos 18 e 19. Passagem para o centro do país, os distritos foram fundamentais para o desenvolvimento das regiões sul e sudeste do Brasil. As localidades não cresceram com a industrialização do Século 20. A sensação, ao conhecer Cazuza e Juá, é de que pararam no tempo.

Conforme o economista e especialista em História Regional, Luiz Antônio Alves, os primeiros povoadores chegaram aos distritos entre 1740 e 1750. Os núcleos habitacionais foram formados, segundo ele, pelos descendentes dos tropeiros, principalmente de Sorocaba (SP) e Castro (PR). Até 1858, Cazuza e Juá pertenciam a Santo Antônio da Patrulha.

José Ferreira de Castilhos, conhecido como Cazuza Ferreira, era sobrinho do ex-presidente (cargo equivalente ao de governador) do Rio Grande do Sul, Júlio de Castilhos. Entre 1850 e 1860, Cazuza doou terras para a construção de uma capela na região onde hoje é o distrito. Anos depois, os moradores resolveram homenageá-lo, dando seu apelido como nome à localidade.

O terreno para a construção da igreja do Juá também foi fruto de doação. Por volta de 1900, Cristino Ramos de Oliveira, tio de Virvi Ramos, deu terras para a obra. As duas localidades teriam sido oficializadas como distrito em 1903, ano da segunda emancipação de São Francisco de Paula, que havia perdido a categoria de município em 1890.

Alves, que é autor do livro Os Fundadores de São Francisco de Paula, lembra que o desejo de não pertencer a São Chico é anterior à década de 1970. Em 1917, Cazuza e Juá tentaram criar, com São Marcos e Criúva, um município que se chamaria Rio Branco.

Cazuza Ferreira chegou a ter ares de cidade grande, em 1958, quando inaugurou o Cine Serrano. O cinema funcionava junto ao Hotel Avenida. As constantes quedas de energia e o pequeno número de interessados nas sessões forçaram o fechamento 10 anos depois.

O hotel, que tinha grande movimento, continua em funcionamento, mas com baixa procura. Hoje, a proprietária Ironilce Maria Basso Albé, serve almoços e está recuperando o velho casarão para transformá-lo num empreendimento voltado ao turismo rural.

– Os distritos tinham muitas serrarias. Mas quando acabaram as árvores, acabou o trabalho. Agora, eles acham que a solução é passar para um município rico por conta da má administração de São Francisco. Eles deveriam pressionar a administração, mas acham mais fácil se mobilizar para anexar – analisa Alves.

Fonte: Pioneiro - Caxias do Sul RS