quinta-feira, 23 de junho de 2011

Dia de feira é quinta

Quinta-feira das verduras. Lá fomos nós! Era rotina semanal comprar naquele supermercado - dia das ofertas. Ao chegar na seção hortifruti, iniciei-me na tarefa, primeiro as uvas, depois o mamão, as laranjas uma delícia, vamos levar. A "mama" se encarregava dos legumes e das verduras, eu era encarregado das frutas e nosso "bambino" ficava a pesquisar. Às vezes pedia casquinha para sorvete, noutras balas, brinquedos ou algum material escolar.

Seguíamos em nossa missão, eu olhando, escolhendo e empacotando, enquanto minha mulher agarrada nas batatas e nos tomates fazia a parte dela. Até que minha atenção voltou-se para um senhor cuja atitude em selecionar as mercadorias era incomum.

Parei de vez e permaneci discretamente a observá-lo. Aquele seu jeito era horrível. Simplesmente deplorável a maneira como manuseava as laranjas. Apertava-as com força e quando a fruta começava a murchar, deixando quase escorrer o caldo, atirava-a de volta à caixa. Assim ia catando aquelas que lhe interessavam. Fiquei perplexo com aquele método. Que falta de urbanidade, que falta de respeito ao supermercado e aos próximos compradores de laranjas.

Meio incrédulo ainda, continuei a campana e fui ao céus quando ele aportou nos abacaxis. O cara cutucava, espremia, lançava sem o menor pudor uns por cima dos outros, até encontrar aquele que estivesse de acordo com seu critério. Sentia-me incomodado, não compactuava com aquelas atitudes. Continuei fazendo o que me era possível. Foi quando o vivente aproximou-se dos tomates que minha paciência quase esgotou. O cidadão demonstrando estar nem aí para os outros ou para o mundo, típica atitude egoísta e sem respeito aos demais. Continuava a danificar os tomates que não levaria, escolhia os melhores e aqueles que recusava ficavam piores do que estavam. Imaginei o que passaria pela cabeça daquele animal. Sim, animal, comecei a praguejá-lo mentalmente, chamá-lo de filho disso, sem educação, cadê o respeito pelos demais. De pouco adiantava minha ira, pois lá estava o infeliz, apertando, jogando, danificantdo as mercadorias que passavam pelas suas mãos.

Resolvi deixá-lo de lado, pois meu estômago fervilhava e fui para a fila do caixa. Enquanto aguardava, para minha surpresa, eis que surge do nada o animal e na maior cara-de-pau fura a fila, passa na minha frente e de mais três pessoas. A mocinha do caixa atendeu-o sem dizer nada. Nós na fila, ficamos parados, com cara de quem é passado para trás. Naquele instante, mentalmente o chamei de desgraçado, ignorante e num desabafo, murmurei: "um dia tu ainda vais pagar pelas tuas atitudes animalescas".

Passamos pelo caixa com meu filho que naquele dia resolveu escolher uma bola, é um garoto econômico, gastou de acordo com o valor da mesada. Quando chegamos no estacionamento, quem eu vejo? Inacreditável, o animal gritando como um louco desatinado, ninguém conseguia entender o que aquela figura pronunciava. Dava chutes em seu carrinho de compras, socos nas mercadorias e batia com os pés no chão, ali percebi que não era à toa imaginá-lo um quadrúpede. Pois agia como um touro bufando, espumando e ralando os cascos no chão. A gritaria foi tão grande que se formou pequena multidão à sua volta, aproximei-me o suficiente para ouvir alguém dizer que roubaram o carro dele. Com um discreto e irônico sorriso, imaginei se aquilo significava providência divina ou aqui se faz, aqui se paga.  Bem-feitoooooo animaaaal  ?!?.

Post Scriptum: Cuidado ao lançar maldição em alguém, pode dar certo.

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