quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Figueiras da discórdia

Lá se vai um bom tempo sem que ocasionalmente não venha à baila a novela das figueiras. O enredo revela-se formidável, pois não faltam personagens para balançar a trama, tampouco espectadores torcendo para este ou aquele desenlace. Não dá para não esquecer.

São inúmeros programas de rádio e televisão a levantarem bandeiras, contra ou a favor, pouco importa se o assunto está rolando. Igualmente jornais impressos dedicam espaços para as mais variadas opiniões, desde aquelas cujas origens bem intencionadas é inegável até às temperadas com intenções de tirar uma casquinha. E assim vão surgindo inúmeras correntes de palpiteiros dentre os quais me incluo.

São tantas declarações que algumas até se contradizem, por exemplo: pessoas que reclamam do trânsito e do estado de trafegabilidade em determinadas ruas, defendem ardorosamente a permanência das árvores que atualmente contribuem para o caos da tão alardeada mobilidade urbana. Situação que tende a revelar-se uma constante e com isso exigir respostas rápidas, sem muita delonga para as costumeiras e extenuantes consultas gerais.

É muita vela pra pouco santo! Imaginem quantas horas de trabalho despendidas em audiências, programas e salas de redações para se chegar a lugar nenhum. Até parece que as tais frondosas representam uma espécie vegetal em extinção no município, pois ninguém ainda considerou que a menos de cem metros existe um morro com zilhões de pés de mato nativos que supririam com folga a demanda por verde tão propalada pelos adeptos ambientalistas.

Nem tanto ao mar, nem tanto à terra, onde está o bom senso? Não vimos tanta dedicação para salvar o rio cachoeira, infinitamente mais relevante à cidade. Afinal, a quem caberia determinar o destino das figueiras da discórdia?

Ora, quando é de todos não é de ninguém ou onde todos gritam ninguém tem razão! leva-se com esses termos a solução para algo que em outras épocas bastaria um machado e iniciativa qualificada para tal - entenda-se a prefeitura. Pois a competência pela administração pública pertence aos eleitos, portanto lhes cabe degustar o filé, bem como roer o osso. Mas os tempos são outros, deve-se consultar a população (curiosamente quando há osso!) e desse modo permanecer com opiniões estapafúrdias tais como descobrir o sexo dos anjos, além de arcar com o dispêndio de recursos cuja carência em outras áreas é gritante. Todavia, como nem tudo é em vão, nos resta o aprendizado e torcer  para que semelhante desenrolar não atinja questões bem mais cruciais.
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Post scriptum: Artigo publicado no jornal A Notícia em 040909

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