domingo, 3 de março de 2013

“Viva Cuba. Viva o comandante Fidel!”

Do leitor Stefani Henrique, sobre a postagem “Cuba só é reverenciada por quem nunca morou aqui”:


Não moro em cuba, mas gostaria que o nosso Brasil tivesse erradicado o analfabetismo, que tivesse um médico para cada 300 habitantes, que fosse exemplo de produção de vacinas e as distribuíssem gratuitamente no Brasil e nos países irmãos, seria importante também que nosso país investisse em cultura e tivesse um dos povos mais cultos da América Latina e Caribe. Ah, ia esquecendo: quem dera que parlamentar no Brasil não fosse profissão ou seja, o parlamentar não recebesse nada por sê-lo.
Pois é, estes dados são reconhecidos por organismos internacionais, queiram reconhecer os raivosos ou não.
Não existe nenhum País do mundo que seja um paraíso, e Cuba tem muitos sim, mas a busca por solucioná-los tem uma grande diferença com os países que a "moça do blog" reverencia, não é o mercado que define a política e a economia, e sim o bem-estar do povo.
Mas o que certas pessoas não aceitam é que uma ilha, comandada por um homem que sofreu 71 tentativas de assassinatos, não pelo seu povo e sim pelo império, olhe para a maior potência do mundo de cabeça erguida e diga "aqui vocês não mandam."
E são poucos os países que têm esta autoridade.
Viva Cuba e os 50 anos de revolução!
Viva comandante Fidel, 80 anos de luta socialista.

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Do Espaço Aberto:
Caro Stefani.
Vamos por partes.
Vamos lá, em seis partes.

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Poderiam ser mais partes, mas fiquemos em seis.
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PARTE 1
“Não moro em cuba...”
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Justamente por você não morar em Cuba, Stefani, é que sua visão pode estar deturpada. E mesmo que você conheça Cuba, Stefani, você foi, viu, gostou e voltou. Voltou livremente. A “moça do blog” mora lá, Stefani. E com certeza ela gosta de Cuba mais do que você e nós, porque mora lá, é de lá, nasceu lá e quer o bem de seu País. Aliás, quem não quer o bem de seu país, não é? Ou será que nós queremos mais o bem de Cuba do que "moça do blog"?
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PARTE 2
“Não moro em cuba, mas gostaria que o nosso Brasil tivesse erradicado o analfabetismo [...]”

Stefani, mas veja o trecho em que a “moça do blog” fala sobre essa questão da suposta excelência do ensino em Cuba.

Ela, a “moça do blog”, diz:

“Antes da revolução, nosso país já ostentava um dos menores índices de analfabetismo da América Latina. Uma das primeiras ações do governo autoritário de Fidel Castro foi ensinar o restante da população a ler e escrever. A questão principal hoje não é a taxa de alfabetização, e sim o que vamos ler depois que aprendemos. A censura controla totalmente o que passa diante de nossos olhos. E isso começa muito cedo. As cartilhas usadas na alfabetização só falam da guerrilha em Sierra Maestra ou do assalto ao quartel de Moncada pelos guerrilheiros barbudos. Meu filho tem 14 anos. Na sala de aula dele há seis fotos de Fidel Castro. Tudo o que se ensina nas escolas é o marxismo, o leninismo, essas coisas. Não se sabe o que acontece no resto do mundo. A primeira vez que vi imagens da queda do Muro de Berlim foi em 1999, dez anos depois de ela ter ocorrido. Foi num videocassete que um amigo trouxe clandestinamente. Para assistir às imagens do homem pisando na Lua, foi necessário esperar vinte anos.”

Stefani, a “moça do blog” mora em Cuba. Vive em Cuba. É cubana.


PARTE 3
“Não moro em cuba, mas gostaria que o nosso Brasil tivesse erradicado o analfabetismo, que tivesse um médico para cada 300 habitantes, que fosse exemplo de produção de vacinas e as distribuíssem gratuitamente no Brasil [...]"


Stefani, veja o que a moça do blog diz sobre o outro mito, o da excelência dos serviços de Saúde cubanos:


“O país construiu hospitais e formou médicos de boa qualidade na época em que recebia petróleo e subsídios soviéticos. Com o fim da União Soviética, tudo isso acabou. O salário mensal de um cirurgião não passa de 60 reais. A profissão de médico é hoje a que menos pode garantir uma vida decente e cômoda. A carência nos hospitais é trágica. Quando um doente é internado, todos os seus familiares migram para o hospital. Precisam levar tudo: roupa de cama, ventilador, balde para dar banho no paciente e descarregar a privada, travesseiro, toalha, desinfetante para limpar o banheiro e inseticida para as baratas. Eles não devem esquecer também os remédios, a gaze, o algodão e, dependendo do caso, a agulha e o fio de sutura.”

Stefani, a “moça do blog” mora em Cuba. Vive em Cuba. É cubana.

PARTE 4
“[Cuba] tem uma grande diferença com os países que a “moça do blog” reverencia..”


Stefani, não seja injusto, não seja cruel com a “moça do blog”, à qual você se refere num tom meio depreciativo. Permita, Stefani, que façamos esse juízo da expressão que você usa e no contexto em que você a usa.
Stefeni, a “moça do blog” não reverencia outros países, os países imperalistas e seus, digamos, lacaios.
A “moça do blog”, Stefani, reverencia o seu país, o país dela mesma. Reverencia Cuba. Veja o que ela diz:


“Tenho de passar nos Estados Unidos e na Espanha para receber os prêmios que ganhei. Talvez desse um pulo à Alemanha e à Suíça. E só. Faz tempo que aprendi que a vida para mim não está em outro lugar a não ser em Cuba. Para o meu país eu voltarei sempre.”

Stefani, a “moça do blog” não é uma patricinha, não é uma deslumbrada, não é uma dessas que passa o dia conectada à internet porque não tem nada o que fazer. N
ão, Stefani. A “moça do blog”, Stefani, passou fome. Enfrentou privações que, supomos, você não enfrentou. A “moça do blog” já sentiu na pele o que é viver sob uma ditadura, Stefani. Já sentiu no estômago o peso da crise, Stefani. Olhe aqui o que ela diz:

“A crise contemporânea ainda não se compara com a dos anos 90. Naquele tempo meus pais me mandavam ir dormir mais cedo porque não tínhamos o que comer. Minha magreza é, em parte, uma sequela daquele período de fome."

Viu aí, Stefani? "Minha magreza é, em parte, uma sequela daquele período de fome."
Quem o diz é a "moça do blog", Stefani.

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PARTE 5
“[...] queiram reconhecer os raivosos ou não.”


Stefani, caro Stefani. Os que deploram ditaduras, os que não toleram situações como a que produziu personagem como esta “moça do blog” não são raivosos, Stefani.
Eles apenas deploram o cerceamento das liberdades, deploram a ditadura.
Stefani, ditadura não tem cor, não tem ideologia, não tem viés e nem nuance de qualquer ordem, Stefani.
Ditadura é ditadura, caro Stefani.
Ditadura pode ter gradação – uma pode ser mais selvagem, outra pode ser menos selvagem, mas ditadura é ditadura.
A ditadura implantada em 1964 no Brasil era horrorosa, Stefani.
A ditadura implantada em Cuba é horrorosa, Stefani.
Ditaduras, quaisquer, são horrorosas.
Horrorosas, Stefani.


PARTE 6
“Mas o que certas pessoas não aceitam é que uma ilha, comandada por um homem que sofreu 71 tentativas de assassinatos [...]

Stefani, não estamos discutindo as 71 tentativas de assassinatos de que Fidel foi alvo.
Stefani, não estamos discutindo o papel histórico que Fidel teve ao demolir o governo corrupto e explorador – uma coisa horrorosa!, diga-se logo – de Fulgêncio Batista.
Stefani, não estamos discutindo a coragem de Fidel de arrostar, de enfrentar os Estados Unidos, ainda que o tenha feito sob o guarda-chuva protetor da então União Soviética.
Stefani, o que estamos discutindo é que Fidel, o que já se safou de 71 tentativas de assassinato; discutimos é que Fidel, o mito histórico; discutimos é que Fidel, o comandante incontrastável, enfim, o que discutimos é que esse Fidel implantou uma ditadura em Cuba.
Um ditadura horrorosa – como todas as ditaduras – que produziu personagens como a “moça do blog”.
A “moça do blog” é Yoani Sánchez, Stefani.
Ela conhece Cuba melhor que nós, Stefani.
Porque ela é cubana.
Porque ela vive lá.
Mora lá.
Sofre lá.
Sonha lá.
Ama seu país.
Quer vê-lo liberto, desagrilhoado da ditadura.
Quer ver um país próspero para deixar aos filhos e netos dela, Stefani.
Conceda-nos, Stefani, a condescendência de considerar que Cuba não é apenas o comandante Fidel.
Cuba, Stefani, também é gente como Yoani Sánchez.
A “moça do blog”, Stefani.
Sorte pra você, Stefani!
Fonte: Blog Espaço Aberto - Clique Aqui